Rio Grande do Sul

Resistência

Cortejo Popular da Bancada Negra marca a posse dos novos deputados estaduais do RS

Ato cultural e político antecedeu a posse oficial na ALRS; movimentos, sindicatos e apoiadores marcaram presença

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Cortejo Popular celebrou a posse dos três deputados estaduais que irão compor a 1ª Bancada Negra da ALRS: Bruna Rodrigues (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL) - Foto: Pedro Neves

Um Cortejo Popular, nesta terça-feira (31), celebrou a posse dos três deputados estaduais que irão compor a 1ª Bancada Negra da Assembleia Legislativa do RS (ALRS): Bruna Rodrigues (PCdoB), Laura Sito (PT) e Matheus Gomes (PSOL). O ato antecedeu a sessão solene em que os 55 deputados e deputadas eleitos e reeleitos assumiram suas cadeiras.

O ato cultural e político popular realizado em frente à ALRS contou com a participação de dezenas de apoiadores, entre militantes de movimentos sociais e populares, artistas, integrantes de partidos políticos e sindicatos de diversas categorias.

Por volta das 12h, já haviam dezenas de pessoas concentradas na Praça da Matriz. A estrutura de carro de som recebeu algumas apresentações artísticas enquanto os apoiadores aguardavam os deputados.


Dezenas de apoiadores prestigiaram o Cortejo Popular de posse da Bancada Negra na ALRS / Foto: Pedro Neves

Apresentou-se Elder Correa, também conhecido como Deco, músico saxofonista, compositor e professor. Na sequência, subiu ao carro de som a cantora e compositora Nina Fola. Por fim, o MC, poeta, educador social e artivista Dkg DekiloGrama apresentou-se, pedindo que os apoiadores levantassem seus braços esquerdos para dar um salve para cada um dos integrantes da bancada.

Após as apresentações, as deputadas Bruna e Laura e o deputado Matheus subiram no carro de som e saudaram os presentes. Por fim, foi realizado o cortejo com as lideranças religiosas, que encaminharam os três pela Assembleia adentro, até o Plenário onde ocorreria a posse da nova legislatura estadual.

 

Bancada Negra é fruto de uma longa caminhada

Entrevistados pelo Brasil de Fato RS, os três deputados foram unânimes em afirmar que a posse de uma, até então, inédita Bancada Negra é fruto de um trabalho político coletivo de longo prazo.

Matheus Gomes disse que o cortejo teve o objetivo de agregar os vários movimentos sociais, sindicatos e representações da comunidade negra que foram estratégicos na vitória eleitoral de 2022 e também no fortalecimento dos mandatos na Câmara de Vereadores, desde 2020.

Ressaltou que o momento da conquista do assento no legislativo municipal se deu no período de pandemia, o que impossibilitou qualquer comemoração, de forma que o evento de hoje se configura no festejo de todo esse processo.

"Esse cortejo representa o fortalecimento e a consolidação da representação política negra e também de uma nova renovação que estamos construindo para trazer outras pautas que a Assembleia precisa", afirmou Matheus.


Deputados afirmam que a posse da Bancada Negra na ALRS é fruto de um trabalho político coletivo de longo prazo / Foto: Pedro Neves

Para Bruna Rodrigues, o cortejo demonstra que a posse que se daria logo mais no legislativo estadual representa uma luta coletiva, conduzida pelos pelos mais velhos e pelos guias do plano espiritual e terreno.

"Para nós é uma chegada simbólica, nós jamais andamos sós. Essa entrada não poderia ser individual. Se nunca na história da ALRS houve a presença de mulheres negras, essa chegada simboliza a ocupação de um espaço que nunca nos recebeu", afirmou Bruna.

Também em depoimento à reportagem do BdF RS, Laura Sito saudou a mobilização dos servidores públicos, dos trabalhadores e sindicatos e movimentos sociais presentes.

Segundo ela, a mobilização se dá não somente por causa da posse dos mandatos, mas principalmente em defesa de uma "retomada democrática de um estado que gere um desenvolvimento capaz de combater as desigualdades e de garantir vida digna aos trabalhadores".

Disse ainda que sente-se feliz de fazer parte dessa posse inédita e que acredita que os próximos quatro anos de legislatura aguardam muita "luta social, mas sob uma nova perspectiva de enfrentar a extrema direita".

Por fim, concluiu que a atuação parlamentar da Bancada deverá acontecer ligada aos movimentos sociais, ao exemplo do que já ocorria na Câmara de Porto Alegre.


:: Clique aqui para receber notícias do Brasil de Fato RS no seu Whatsapp ::

Edição: Marcelo Ferreira