Após passar o dia em reuniões com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) o chanceler (primeiro-ministro) alemão, Olaf Scholz, disse estar feliz com o "retorno" do Brasil ao cenário internacional: "vocês fizeram falta, caro Lula", disse, em pronunciamento à imprensa.
Depois de passar por Argentina e Chile, Scholz disse que veio ao Brasil para abrir novas relações bilaterais. Segundo o chefe de governo alemão, o país europeu está satisfeito com o empenho do Brasil em busca da integração latino-americana. Além disso, ele destacou a importância do país em busca do equilíbrio climático.
"Ao Brasil cabe um papel fundamental no clima do nosso planeta. Sem a proteção das florestas tropicais no Brasil e na América Latina, não conseguiremos atingir os objetivos do Acordo de Paris e garantias básicas para nossa existência", pontuou.
Falando à imprensa em um dos palcos da barbárie bolsonarista do último dia 8 de janeiro, o Palácio do Planalto, Scholz reforçou a solidariedade de seu país ao governo e à sociedade brasileira.
"As imagens da invasão ainda estão muito presentes em nossa memória. Ainda vemos alguns resquícios dessa destruição, que é sinal de que temos que defender a democracia. Não foi um ataque só contra prédios, mas contra democratas e pessoas que representam a democracia. A democracia brasileira é forte e foi capaz de resistir esse ataque", resumiu.
Acordo UE-Mercosul
Entre os temas que motivaram a viagem de Scholz ao continente está o acordo de livre comércio entre União Europeia (UE) e Mercosul. Os termos, que ainda estão sendo discutidos, têm uma série de entraves, entre eles, a agenda antiambiental vigente durante os quatro anos de governo de Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.
Lula e Scholz declararam ter intenção de avançar nas negociações e garantir a assinatura. O presidente brasileiro disse que esteve perto de assinar um tratado em seu segundo mandato, entre 2007 e 2010, mas não houve acerto. Desta vez, ele disse que pretende finalizar as tratativas até o fim do primeiro semestre deste ano.
"Vamos trabalhar de forma muito dura para que a gente possa concretizar esse acordo. Algumas coisas têm de ser mudadas. Não pode ser feito tal como está lá. Vamos tentar mostrar ao lado europeu o quanto somos flexíveis e queremos que os europeus mostrem para nós o quanto eles serão flexíveis", disse, citando o encontro recente que teve com o presidente argentino, Alberto Fernández.
Ainda na pauta diplomática, Lula disse que ele e Scholz conversaram sobre o conflito entre Rússia e Ucrânia. O líder brasileiro afirmou que não medirá esforços para o fim do confronto, e sugeriu a criação de uma aliança internacional, com países de diversas regiões, para tentar selar a paz.
Por fim, o presidente da República foi bastante incisivo quando jornalistas presentes à entrevista fizeram perguntas sobre a situação do povo Yanomami, que tem chamado atenção de países de todo o mundo.
"O governo brasileiro vai tirar, vai acabar com o garimpo em qualquer terra indígena a partir de agora", prometeu. "O Brasil vai voltar a ser um país sério, respeitado. Um país que respeita as leis, mas, sobretudo, os direitos humanos".
Edição: Thalita Pires