Ainda não acabou

Por que a OMS continua considerando a covid-19 uma emergência global de saúde?

Desigualdade vacinal, testagem insuficiente e enfraquecimento da vigilância e da pesquisa travam o fim da pandemia

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Coronavírus ainda representa risco para os sistemas de Saúde, segundo OMS - Patricia Melo Moreira / AFP

A propagação do coronavírus pelo planeta segue representando risco contínuo e a covid-19 ainda é uma doença infecciosa perigosa com capacidade de causar danos substanciais às pessoas e aos sistemas de Saúde das nações.

Frente a esse cenário, a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou nesta segunda-feira (30) que mantém o status de emergência de saúde pública de interesse internacional para a pandemia. 

Na lista de preocupações globais estão as fake news, a falta de acesso à vacina - principalmente em países de menor poder econômico – a diminuição na testagem e até mesmo o relaxamento de vigilância e a diminuição no número de pesquisas de sequenciamento genético. 

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Todos esses fatores impossibilitam qualquer certeza de que a pandemia deixará representar uma ameaça para os sistemas de saúde das nações. Os desafios estão não apenas nas infecções, mas se estendem também a longo prazo para tratamentos de sequelas e sintomas persistentes.

'Fadiga' após três anos 

A decisão de manter a condição de emergência global para a covid-19 foi informada pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que participou de videoconferência com membros do comitê de emergências da OMS. O encontro virtual ocorreu na mesma data em que a declaração de que o planeta vive uma pandemia completou 3 anos. 

No relato em texto sobre a reunião, a organização destacou preocupação com a evolução contínua do coronavírus e a diminuição expressiva da notificação de dados sobre infecções, internações e mortes por parte dos países. Sem o compartilhamento de dados não há como ter certeza sobre o real ritmo de propagação, o que prejudica as respostas.  

Além disso, a entidade reconhece que a sociedade vive uma espécie de “fadiga pandêmica”. Somada à redução da percepção pública sobre os riscos do coronavírus, essa situação levou a um abandono de medidas essenciais, como o uso da máscara e o distanciamento social.

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Vacinação total

Outro ponto crítico é a chamada hesitação vacinal, alimentada pela propagação de notícias falsas e teorias conspiratórias mentirosas sobre o imunizante contra a covid-19.

“A OMS está instando os países a permanecerem vigilantes e continuarem a relatar dados de vigilância e sequenciamento genômico; recomendar medidas de saúde pública e sociais com base nos riscos, vacinar as populações de maior risco para minimizar doenças graves e mortes e realizar comunicações regulares de risco, respondendo às preocupações da população e engajando as comunidades para melhorar o entendimento e a implementação de contramedidas”, diz o texto.

Ainda de acordo com as conclusões da organização, a doença pode estar se aproximando de um ponto de inflexão, mas não há dúvida de que o coronavírus continuará atingindo humanos e animais no futuro. 

Por isso, é essencial que os países se empenhem em medidas de longo prazo. Mitigar os casos graves e os óbitos precisa continuar sendo a principal meta. O compromisso concentrado e articulado entras as nações é essencial para determinar o fim da condição de emergência global. 

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É preciso definir também mecanismos alternativos que mantenham foco permanente no controle e na prevenção da covid-19, mesmo quando ela deixar de representar uma emergência para todo o planeta. 

Foram apresentadas sete recomendação à direção da OMS e aos estados membros da organização. Manter as campanhas de vacinação para atingir 100% de cobertura é a primeira delas. Os países precisam planejar a integração do imunizante contra a covid-19 ao calendário vacinal aplicado ao longo da vida. 

Aumentar o acesso a testes e tratamentos também é considerado essencial, assim como incrementar a divulgação de dados sobre a propagação. Na lista está ainda a urgência de fortalecer a capacidade de resposta e de preparar os sistemas de saúde para eventuais novos surtos. 
 

Edição: Rodrigo Durão Coelho