A gigante tecnológica Meta anunciou nesta quarta-feira (25/01) que nas próximas semanas restabelecerá as contas do ex-presidente americano Donald Trump no Facebook e no Instagram, após dois anos de suspensão. O perfil do republicano foi banido das plataformas depois do ataque ao Capitólio em janeiro de 2021, perpetrado por uma multidão de apoiadores do magnata que não aceitava o resultado das eleições americanas.
Em comunicado, a empresa informou que suspendeu as contas de Trump há dois anos devido a "circunstâncias extremas e altamente incomuns", mas enfatizou que o público "deve poder escutar o que os políticos dizem" para "tomar decisões informadas nas urnas".
A Meta disse ainda que incluiu limites em sua política atualizada e que as contas de Trump estão sendo restabelecidas após "suspensões relacionadas com protestos civis", motivo pelo qual podem ser novamente suspensas entre um mês e dois anos caso publiquem conteúdo que viole as normas das plataformas.
Além disso, a Meta alerta que terá como alvo conteúdos capazes de criar um "risco" semelhante ao ocorrido antes da invasão do Capitólio – que deslegitime uma eleição ou se refira ao grupo conspirador QAnon, cita a nota –, caso em que "poderia limitar a distribuição" ou restringir o acesso a ferramentas de publicidade.
Impulso eleitoral
A restauração das contas pode dar um impulso a Trump, que anunciou em novembro que pretende concorrer novamente à Casa Branca em 2024. Ele tem mais de 34 milhões de seguidores no Facebook e 23 milhões no Instagram – plataformas que são veículos fundamentais para a divulgação política e arrecadação de fundos.
A empresa suspendeu Trump do Facebook e Instagram indefinidamente depois que o então presidente elogiou seus apoiadores pelo ataque de 6 de janeiro de 2021. A suspensão das contas ocorreu no dia seguinte à invasão do Capitólio. Foi a primeira vez que a plataforma bloqueou o perfil de um chefe de Estado em exercício por violação das regras de conteúdo. Posteriormente, a Meta reduziu a suspensão para dois anos após encaminhar o assunto ao seu comitê de supervisão.
Na nota, a Meta diz ter concluído que os riscos presentes em torno do ataque "diminuíram o suficiente" para restabelecer as contas uma vez cumprido o banimento, mas reconhece que existe um "debate importante" sobre a responsabilidade das redes sociais sobre o conteúdo que hospedam.
"Acreditamos que é necessário traçar uma linha entre o conteúdo que é prejudicial e deve ser removido e o conteúdo que, por mais que seja de mal gosto ou impreciso, faz parte da dureza da vida em uma sociedade livre", pondera a empresa.
Defensores da liberdade de expressão apoiaram a decisão da Meta, argumentando ser apropriado para o público ter acesso a mensagens de candidatos políticos. Críticos da empresa, porém, acusaram as redes sociais de negligenciarem a moderação de conteúdos.
Reação de Trump
Trump reagiu ao anúncio por meio de sua própria plataforma, a Truth Social, em uma mensagem na qual opinou que o Facebook perdeu dinheiro após suspender suas contas. Ele afirmou ainda que esse tipo de proibição "nunca mais deveria acontecer com um presidente em exercício".
Na semana passada, ele havia pedido oficialmente que lhe fosse permitido regressar ao Facebook. Sua defesa enviou uma carta ao fundador da rede social, Mark Zuckerberg, solicitando "uma reunião para discutir a rápida readmissão". "Nós acreditamos que a suspensão da conta do Facebook do presidente Trump distorceu radicalmente e restringiu o debate público", diz o texto.
Após o ataque ao Capitólio, Trump também viu ser suspensa a sua conta no Twitter, a rede social que mais utilizava e na qual era mais seguido. Em novembro do ano passado, a conta foi restabelecida por ordem do novo dono da empresa, o magnata Elon Musk, embora o republicano tenha respondido que não estava interessado em voltar.
Desde então, Trump não fez nenhuma postagem no Twitter. No entanto, as aparentes recusas do magnata em retomar suas antigas contas contrastam com reportagens da revista Rolling Stone que sugerem que ele planeja encerrar seu acordo de exclusividade com a Truth Social – que deveria renovar em junho – e retornar ao Twitter para a campanha eleitoral de 2024.