Unidos por um passado colonial em comum, os países da América Latina e do Caribe devem unir forças, afirmou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante 7ª Cúpula da Comunidade dos Estados da América Latina e do Caribe (Celac). O encontro realizado em Buenos Aires, na Argentina, nesta terça-feira (24) marca o retorno do Brasil ao bloco regional.
"Nada deve nos separar, já que tudo nos aproxima. Nosso passado colonial. A presença intolerável da escravidão que marcou nossas sociedades profundamente desiguais. As tentações autoritárias que até hoje desafiam nossa democracia", destacou o presidente brasileiro.
Abrindo a cúpula, o presidente argentino, Alberto Fernández, ressaltou o retorno do Brasil ao bloco e destacou que "uma Celac sem o Brasil é uma Celac muito mais vazia". Fernández recebeu Lula na segunda-feira (23) na Casa Rosada, a sede do governo argentino, e os dois líderes defenderam a retomada da diplomacia e da cooperação entre as duas maiores economias da América do Sul.
O Brasil saiu da Celac durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), medida que Lula classificou como "inexplicável".
Em seu discurso, o presidente brasileiro defendeu pontos que podem colaborar para a integração regional e uma "ordem mundial pacífica", como o potencial de participar da transição energética dos países da América Latina e Caribe.
"Temos em nossos territórios alguns dos principais biomas; dispomos de recursos naturais estratégicos, como os minerais críticos; conservamos parcela significativa da biodiversidade do planeta; e somos uma potência em recursos aquíferos, chave para o futuro da humanidade", disse Lula.
No campo da política ambiental, Lula defendeu Belém do Pará como sede da COP-30, em 2025, e a retomada da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). "A cooperação que vem de fora da nossa região é muito bem-vinda, mas são os países que fazem parte desses biomas que devem liderar, de maneira soberana, as iniciativas para cuidar da Amazônia", disse.
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O presidente brasileiro também defendeu ser necessário "respeitar e proteger nossos povos originários" e "trabalhar para que a cor da pele deixe de definir o futuro de nossos jovens".
"O Brasil volta a olhar para seu futuro com a certeza de que estaremos associados aos nossos vizinhos bilateralmente, no Mercosul, na Unasul e na Celac", disse Lula. "É com esse sentimento de destino comum e de pertencimento que o Brasil regressa à Celac, com a sensação de quem se reencontra consigo mesmo."
Edição: Nicolau Soares