Acordo

Haddad diz que Banco do Brasil irá financiar exportações para Argentina, sem assumir riscos

Anúncio sela avanço nas relações comerciais entre Brasil e país vizinho e foi feito durante visita a Buenos Aires

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Haddad ao lado do ministro da Economia argentino, Sergio Massa, na Casa Rosada - Luis ROBAYO / AFP

 

Com a retomada da boa relação diplomática entre Brasil e Argentina, os dois países avançaram, nesta segunda-feira (23), na perspectiva dos acordos comerciais bilaterais. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que o Banco do Brasil (BB) irá financiar exportações para o país vizinho por meio da emissão de cartas de crédito. A informação foi repassada pelo mandatário durante a visita da comitiva brasileira a Buenos Aires.

Ao rebater acusações de que o mercado teria reagido mal à ideia de inserção do banco na transação, Haddad afirmou que a operação não irá submeter a instituição financeira a riscos. Nesta segunda, as ações do Banco do Brasil fecharam o dia com queda de 0,75% por conta das especulações típicas do sistema financeiro.

“Quando você faz um anúncio, às vezes as pessoas tomam decisões de compra e venda de ações com base em rumores. O BB não vai tomar risco nenhum nessa operação de crédito de exportação. Vamos ter um fundo garantidor, que será um fundo soberano e vai garantir as cartas de crédito emitidas pelo BB para os exportadores brasileiros. Portanto, nem o banco argentino que tiver financiando o importador nem o Banco do Brasil que tiver garantindo o exportador estão envolvidos no risco, por isso é que  estamos negociando com a Argentina um sistema de garantias da Argentina com o Brasil”, afirmou o ministro.

Do lado argentino, a operação será feita pelo Banco de la Nación, empresa pública 100% estatal que costuma apoiar o financiamento de atividades voltadas ao comércio exterior. O ministro da Economia do país, Sergio Massa, disse que a medida será “benéfica” para a Argentina e citou vantagens como o aumento das linhas de crédito e prazos mais favoráveis aos contratantes desse tipo de operação.  

Massa acrescentou que a parceria também será positiva para o Banco Central da República Argentina, que irá “aliviar os pagamentos” de curto prazo das exportações destinadas ao território brasileiro.

Haddad explicou que “o que está sendo assumido no andar de cima da operação é o risco de conversibilidade de peso em real. É isso. O que está se assumindo no fundo garantidor é o risco de conversibilidade do peso em real em virtude do prazo de pagamento. No que diz respeito a uma operação de importação e exportação, é uma operação normal”.  

O ministro da Fazenda também foi questionado a respeito da ideia de criação de uma moeda comum entre os dois países, proposta que vem sendo defendida pelo governo Lula como forma de facilitar o comércio na fronteira Brasil-Argentina. Mais cedo o presidente brasileiro se reuniu com o presidente argentino, Alberto Fernández, e o assunto foi colocado em pauta, mas Haddad esclareceu que ainda não há cronograma para a medida se concretizar.

“Não tem nome nem prazo pra entrar [em vigor] porque nós precisamos estudar a maneira de fazer, mas a encomenda é essa. É que a gente possa ter um meio de pagamento comum entre os dois países que dê tranquilidade. Isso independe da situação cambial da Argentina. É um mecanismo que vai ser criado e que pode vir a favorecer o intercâmbio regional entre quaisquer dois países”, projetou o ministro.

Edição: Rodrigo Durão Coelho