O indigenista Bruno Pereira foi exonerado do cargo de coordenador-geral de Indígenas Isolados da Fundação Nacional do Índio (Funai) em outubro de 2019, logo após comandar uma série de ações de combate ao garimpo ilegal em terras Yanomami. Três anos mais tarde, Pereira seria assassinado no Vale do Javari por sua atuação na defesa de povos originários contra criminosos ambientais.
A demissão de Pereira, que era servidor de carreira da Funai, foi publicada no Diário Oficial no dia 4 de outubro de 2019. Na mesma época o governo de Jair Bolsonaro (PL) discutia a apresentação de um projeto de lei para legalizar garimpos e liberar mineração em terras indígenas. O anúncio da medida foi feito em Brasília em 3 de outubro, um dia antes da demissão de Pereira, pelo então ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que também é almirante de esquadra da Marinha.
Em entrevista ao Brasil de Fato, o indigenista expôs o que considerava os motivos de sua exoneração. "Nos últimos dois meses atuamos pesado junto com outras instituições contra o garimpo, fazendo inutilização de garimpo, destruindo garimpo. Fizemos, agora em setembro, a maior destruição de garimpo do ano, em região de índios isolados. A última operação de combate à mineração foi na reserva Yanomami, onde destruímos garimpos. Cheguei à tarde e recebi minha exoneração."
Bruno Pereira foi assassinado junto com o jornalista britânico Dom Phillips em junho de 2022, meses antes das eleições presidenciais em que Bolsonaro sairia derrotado. Na época, ele atuava junto com a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) contra a ação de pescadores ilegais e outros criminosos especializados em saquear recursos naturais da Terra Indígena Vale do Javari (TI). O monitoramento promovido por Bruno e os indígenas dava prejuízo aos invasores.
Os dois foram homenageados pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em seu discurso de posse. "Símbolos tristes desse período recente", disse a ministra.
Edição: Nicolau Soares