Prefeituras de centenas de municípios do país devem acionar a Justiça para pedir revisão da distribuição de repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), principal fonte de receita da maioria das cidades do país. Segundo a Confederação Nacional de Municípios (CNM), 702 cidades receberão fatias menores do FPM devido à revisão do tamanho das populações. O problema é que o Censo Demográfico de 2022 ainda não foi finalizado, e os números usados para determinar o valor de cada repasse levam em conta uma prévia divulgada no último dia 28.
De acordo com a CNM, as perdas, somadas, chegam a R$ 3 bilhões. A decisão tem impacto, principalmente, em orçamentos de cidades de pequeno porte. A Confederação ofereceu às prefeituras uma minuta de ação judicial, que pode ser replicada por cada cidade para acionar o judiciário em busca de reparação da decisão.
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Não há confirmação sobre quantas cidades acionarão a Justiça para evitar as perdas, mas uma reunião híbrida (presencial e virtual) organizada pela CNM na última quarta-feira (4) contou com representantes de mais de 600 prefeituras. A questão se tornou urgente para os executivos municipais, já que tem efeito imediato: a primeira parcela com os valores corrigidos tem depósito previsto para o próximo dia 10.
Em nota, o TCU destacou que o cálculo das cotas do FPM é feito a partir de metodologias estabelecidas por lei, de acordo com dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que organiza o Censo. Quando não há dados consolidados, o IBGE envia estimativas.
O presidente do Tribunal, Bruno Dantas, afirmou que não há ingerência sobre a metodologia utilizada pelo IBGE, e que os municípios têm 30 dias para contestar junto ao próprio TCU a Decisão Normativa que definiu os coeficientes para repasses. Só haverá novos cálculos caso haja contestação.
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Atraso no Censo
As quedas em repasses de municípios representam mais um capítulo de um recenseamento que sempre foi tumultuado. Programado inicialmente para 2020, o processo só teve início em 2022, por uma conjunção de fatores, especialmente a pandemia e a inércia do governo de Jair Bolsonaro (PL).
Antes mesmo do início dos trabalhos de campo, em agosto de 2022, o Brasil de Fato mostrou problemas graves relativos a orçamento, prazos e precarização dos trabalhadores. Segundo o IBGE, o novo prazo previsto para a finalização da coleta de dados é o fim de janeiro de 2023.
Edição: Vivian Virissimo