As delegações do governo da Colômbia e do grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) concluíram nesta segunda-feira (12) em Caracas, capital da Venezuela, a primeira rodada das negociações para a construção de um acordo de paz.
Os diálogos estavam paralisados desde 2019 por decisão do então presidente colombiano Iván Duque e foram retomados em novembro, durante os primeiros meses de mandato de Gustavo Petro, dentro do plano chamado pelo governo de "paz total".
Em comunicado, as partes anunciaram um primeiro acordo humanitário que deve ser colocado em prática em janeiro de 2023 e terá como objetivo conter "a grave situação de violência" no Vale do Cauca e em Chocó, assim como atender "um grupo de presos políticos do ELN".
::Na Venezuela, governo da Colômbia e grupo guerrilheiro ELN retomam negociações de paz::
Outros três acordos foram alcançados nessa primeira rodada das negociações e dizem respeito à retomada e atualização da "agenda de 2016", quando governo e FARC assinaram um acordo de paz, protocolos para as delegações e um plano de comunicação para "ampliar o apoio e participação da sociedade colombiana".
"Neste primeiro momento definimos as regras do jogo", explicou Pablo Beltrán, chefe da delegação do ELN.
O chefe da delegação governista, Otty Patiño, por sua vez, afirmou que é objetivo da gestão Petro "trabalhar sobre possíveis soluções com muita rapidez" para alcançar um acordo o quanto antes. "Conforme alcançamos os acordos, vamos implementando", garantiu.
Ambas as partes concordaram em iniciar uma segunda rodada de conversas em 2023 no México, um dos países garantidores, ao lado de Venezuela, Noruega, Cuba e Chile.
"Não podemos dizer quando, pois isso depende dos trâmites do Estado mexicano. Posso dizer que a nossa vontade é que seja retomado no primeiro trimestre", afirmou Beltrán.
::A convite de Petro, Venezuela aceita ser garantidora dos diálogos entre Colômbia e guerrilha::
Patiño ainda mencionou os esforços do governo para mudar a mentalidade e as práticas das forças armadas e de segurança do país. "É difícil porque temos muitos anos de uma doutrina contra-insurgente, que fala de um inimigo interno. Essa mentalidade não é fácil de mudar", afirmou.
Após a desmobilização e transformação em partido político das Farc, o ELN se tornou a maior e uma das últimas guerrilhas em atividade na Colômbia, mobilizada desde 1964.
Sobre a possibilidade de um cessar-fogo, o chefe da delegação do ELN afirmou que é um tema que deve ser discutido na próxima rodada de negociações que acontecerá no México em 2023. "Temos ideias parecidas, esperamos que seja um tema abordado no próximo ciclo, neste não foi abordado", disse.
Beltrán ainda mencionou a possibilidade de incorporação de outros países como garantidores do processo e citou a possibilidade de que o Brasil se junte após a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Edição: Thalita Pires