O governo da Colômbia e o grupo guerrilheiro ELN (Exército de Libertação Nacional) retomaram nesta segunda-feira (21) as negociações para a construção de um acordo de paz.
As delegações se reuniram em Caracas, capital da Venezuela, e oficializaram o reinício dos diálogos que estavam paralisados desde 2019 por decisão do então presidente colombiano Iván Duque.
Em comunicado conjunto, as partes concordaram em "construir a paz a partir de uma democracia com justiça, com mudanças tangíveis, urgentes e necessárias" para que "a Colômbia seja potência da vida humana e cuide dos bens comuns".
O documento ainda afirma que as delegações entendem que "a construção da paz como política de Estado transcende a temporalidade com compromissos permanentes e verificáveis".
A retomada das negociações e a construção de um acordo de paz com o ELN, uma das últimas guerrilhas ativas na Colômbia, é uma das principais promessas do presidente Gustavo Petro dentro de seu plano de "paz total" no país.
Durante a instalação da mesa de diálogo, o alto comissionado para a paz da Colômbia, Danilo Rueda, reafirmou os planos do governo e disse que eles estão em "sintonia" com a delegação do ELN.
"Esse diálogo tem assuntos importantes para o país, transformações concretas no territorial, desafios frente aos assuntos sociais e ambientais, e temos um horizonte de diálogo para pactuar e ir gerando transformações. Estamos seguros e percebemos que há uma disposição", disse.
O chefe da delegação colombiano, Otty Patiño, também garantiu que a delegação guerrilheira está receptiva às propostas e que haverá "elementos de consultas com outros setores e [...] elementos de continuidade dos diálogos que já vinham sendo realizados".
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Já Pablo Beltrán, representante do ELN que encabeça o grupo na mesa de diálogo, também celebrou a retomada das conversas e agradeceu o apoio dos países garantidores.
"Esperamos que essa mesa seja um instrumento de mudanças, o trabalho que temos é de reconciliação, de voltar a encontrar pontos em comum, de construir uma nação em paz", disse.
Beltrán também falou sobre a posição dos EUA, dizendo esperar que a postura do governo estadunidense seja construtiva, embora acredite que "o papel dos Estados Unidos foi nefasto para os processos de paz".
Além disso, o representante da guerrilha ainda condenou a designação da Colômbia como um aliado extra-Otan, que ocorreu em abril deste ano, ainda sob o mandato de Iván Duque, e disse que a "fracassada guerra às drogas já dura 50 anos e o problema está pior".
Segundo os negociadores, a próxima rodada de conversas deve ocorrer apenas em 2023 e as sedes devem ser rotativas entre os países garantidores Venezuela, Cuba e Noruega.
Edição: Arturo Hartmann