A Venezuela aceitou o convite feito pelo presidente colombiano, Gustavo Petro, para ser garantidora dos diálogos de paz entre a Colômbia e o Exército de Libertação Nacional (ELN), um dos últimos grupos guerrilheiros ativos no país.
A participação venezuelana foi confirmada pelo presidente Nicolás Maduro na noite desta terça-feira (13). "Dizemos ao presidente Petro e ao povo da Colômbia que a Venezuela aceita o caráter de garantidora das negociações e dos acordos de paz da Colômbia com o ELN e colocaremos nosso melhor esforço pela paz total da Colômbia", disse.
Com isso, a Venezuela se junta a Chile, Cuba, Espanha e Noruega na lista de países que acompanharão as negociações. A retomada dos diálogos com o ELN, interrompidos em 2018 pelo ex-presidente Iván Duque, é uma das principais promessas do governo Petro.
Além de servir como garantidora do processo de negociação, Caracas deve ser sede de um encontro entre delegações do governo e da guerrilha colombiana, segundo carta que Petro enviou a Maduro.
"Chegamos a um acordo para dar aplicação cabal e segura ao referido protocolo, prevendo a realização de uma reunião imediata na Venezuela para concretizar esse procedimento", disse o presidente colombiano, se referindo a acordos firmados por Caracas em 2016, no início dos diálogos com a guerrilha, que previam "o retorno à Colômbia da delegação do referido grupo insurgente transitando em território venezuelano".
Em agosto, após um encontro que ocorreu em Havana entre representantes do Estado e do grupo armado para determinar os detalhes das negociações, o governo suspendeu algumas ordens de prisão contra líderes guerrilheiros, enquanto o ELN libertou militares que estavam detidos na fronteira com a Venezuela.
Surgido em 1964, o ELN é um dos últimos grupos guerrilheiros ativos na Colômbia e o único que segue com atuação nacional, após a dissolução e conversão das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em partido político, resultado dos Acordos de Paz de 2016. Caso governo e guerrilha cheguem a um acordo, eles encerrariam um conflito que já dura 58 anos.
Reaproximação rápida
Pouco mais de um mês após tomar posse, Petro avança na reaproximação com a Venezuela. O convite para o país vizinho fazer parte dos diálogos de paz com o ELN é mais um passo em direção à normalização plena das relações que foram rompidas em 2019, durante o governo do direitista Iván Duque.
Desde que Petro chegou ao poder, a Colômbia nomeou um novo embaixador para o país, prometeu devolver a empresa de fertilizantes Monómeros à Venezuela e realizou uma visita oficial na figura do chanceler colombiano, Álvaro Leyva, ao estado fronteiriço de Táchira.
Petro e Maduro anunciaram uma data para a reabertura de fronteiras e a retomada de voos diretos entre os países, que serão concretizados no dia 26 de setembro.
Segundo o embaixador colombiano na Venezuela, Armando Benedetti, o próximo passo é um encontro entre os presidentes, que deve ocorrer em outubro em alguma zona da fronteira entre os dois países.
Um outro avanço possível em um futuro próximo seria a retirada de uma denúncia feita pelo governo Duque contra a Venezuela na Corte Penal Internacional (CPI) por supostas "violações de direitos humanos". Em entrevista à emissora colombiana WRadio, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia Álvaro Leyva afirmou que não se surpreenderia se, "com a claridade necessária sobre muitos aspectos que estão se resolvendo, se chegue na necessidade de retirar [a queixa]"
Edição: Thales Schmidt