Em alguns momentos do discurso que realizou nesta quarta-feira (16) na COP27, no Egito, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi interrompido por gritos de "o Brasil voltou" por parte do público. A empolgação de brasileiros presentes ao evento parece ter sido compartilhada por um dos mais importantes jornais do mundo, o The New York Times, dos Estados Unidos.
"Exuberante" foi um dos termos escolhidos pelo jornal para falar sobre o discurso. Em matéria assinada pelo jornalista Max Bearak, especialista na discussão de políticas internacionais sobre o clima, o jornal comparou as posturas do presidente eleito com o (ainda) ocupante do Palácio do Planalto.
"Ele [Lula] recentemente derrotou Jair Bolsonaro, um homem a quem ambientalistas brasileiros descrevem como 'um pesadelo' por quatro anos de presidência, com desmatamento descontrolado e negligência na aplicação das leis em relação à enorme e frágil floresta Amazônica", pontua o texto.
O burburinho causado pela presença do homem que volta ao Planalto em janeiro de 2023 foi destaque, inclusive, na capa do site do jornal, que mostrou Lula ao lado de integrantes de sua comitiva em meio a grande aglomeração de pessoas no evento.
Citando trechos do discurso do presidente eleito (a quem o jornal recentemente decidiu chamar de "Mr. Lula" em vez do frio "Mr. da Silva" que foi adotado por mais de 30 anos), o repórter destacou o fato de ele ter sido convidado para o evento antes mesmo da posse, e lembrou que esta foi a primeira viagem internacional do petista após a vitória no último dia 30 de outubro.
"O discurso não teve grandes anúncios, mas nem precisava. Ele disse que pretende fazer com que o Brasil se torne uma força no combate às mudanças climáticas, garantindo fortes aplausos das pessoas que acompanhavam o discurso. Depois de falar, o presidente eleito foi abraçado por vários simpatizantes que queriam tirar selfies com ele", destacou o jornal.
O repórter lembrou ainda que o desmatamento na amazônia estava em alta quando Lula assumiu a presidência em 2003, mas ao final do segundo mandato, em 2010, as perdas na mata já tinham caído 67%. Por outro lado, com Bolsonaro o caminho foi inverso. O jornal citou dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial, o Inpe, que mostrou o aumento do desflorestamento nos últimos anos.
"O Brasil tinha sido escolhido para a Conferência do Clima da ONU em 2019, mas Bolsonaro recusou a realização do evento. Nesta quarta, Lula ofereceu o país para sediar o evento em 2025, em cidades amazônicas. Durante seu discurso, ele usou sua gravata da sorte, a mesma usada quando o Brasil foi escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016", descreveu o repórter.
Edição: Nicolau Soares