Teve início neste domingo (6) a Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), realizada no Egito. A cerimônia de abertura teve seu horário alterado por conta de discussões dos delegados dos países participantes sobre um tema chave para a conferência: compensações para as nações mais pobres e mais vulneráveis às mudanças climáticas.
Os discursos da cerimônia de abertura tiveram como tônica a lembrança da necessidade de implementar as mudanças necessárias para frear o aquecimento global.
O presidente da COP26, Alok Sharma, afirmou que, graças ao esforço global conjunto realizado no último ano, foi possível manter a meta do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5°C.
Ele disse, ainda, que a guerra da Ucrânia trouxe desafios inesperados, mas que ainda assim houve progressos em relação aos compromissos firmados na COP26, realizada no ano passado, em Glasgow, na Escócia. "Mais de 90% da economia global tem uma meta net zero [zerar o balanço líquido de emissões de gases do efeito estufa]", afirmou Sharma, lembrando que em 2021 esse número era de 30%.
"As maiores empresas e instituições financeiras do mundo se comprometeram com o net zero e o fizeram com vigor, com uma parede global de capital criando empregos verdes e direcionando bilhões para as indústrias verdes de hoje e de amanhã", disse.
Sharma reconheceu, entretanto, que ainda há desafios importantes pela frente. "Com a plena implementação de todos os compromissos em vigor hoje, os relatórios sugerem que estamos caminhando para um aquecimento de 1,7°C até o final do século".
"Quantos alertas serão necessários?"
"Não estamos atualmente em um caminho que mantenha 1,5°C ao alcance. Devemos ser claros: a inação é míope e só pode adiar a catástrofe climática. De quantos alertas os líderes ainda precisam?", questionou, ao citar enchentes históricas no Paquistão e na Nigéria e secas recorde na Europa, EUA e China.
Simon Stiell, chefe do clima da Organização das Nações Unidas (ONU) alertou sobre a responsabilização dos países pelas promessas feitas na COP26. "Apenas 29 países apresentaram planos nacionais rígidos desde a COP26; 29 não são 194. Então, aqui estou agora olhando para 165 países que devem revisitar e fortalecer suas promessas nacionais este ano", afirmou.
Aclamado como novo presidente da COP para o próximo ano, o chanceler egípcio Sameh Shoukry, em discurso protocolar, elogiou a decisão sobre incorporar a discussão sobre compensação para aqueles que mais sofrem com as mudanças climáticas. "Estamos muito satisfeitos por ter pela primeira vez a discussão sobre perdas e danos, reconhecido como um assunto muito polêmico que deve ser tratado com transparência e dedicação."
Oito anos mais quentes da história
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão das Nações Unidas (ONU), publicou um relatório provisório para a abertura da COP27. O documento afirma que os últimos oito anos (2015-2022) podem ter sido os mais quentes já registrados na história. O boletim estima que a temperatura média global em 2022 esteja 1,15°C acima dos níveis pré-industriais.
Edição: Thalita Pires