Ronda Política

MP: empresários bancam golpistas; equipe de Tarcísio teria atrapalhado perícia em Paraisópolis

Procuradores afirmam que atos antidemocráticos são financiados por empresários

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, afirmou que o movimento é liderado por empresários que enviam seus funcionários para as manifestações - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Procuradores-gerais de Justiça dos Ministérios Públicos de São Paulo, Santa Catarina e Espírito Santo classificaram, nesta terça-feira (8), os integrantes das manifestações antidemocráticas como parte de "uma grande organização criminosa com funções predefinidas", após encontro com o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes, segundo reportagem da Folha de S. Paulo.

O procurador-geral de Justiça do Ministério Público de São Paulo, Mario Luiz Sarrubbo, afirmou que o movimento é liderado por empresários que enviam seus funcionários para as manifestações. Anteriormente, em coletiva de imprensa, Sarrubbo já havia classificado os grupos que estão promovendo as obstruções como "uma organização criminosa que está atentando contra o Estado Democrático de Direito no Brasil. Trata-se de uma manifestação de desrespeito ao resultado das urnas e de desrespeito à vontade do povo brasileiro. O MP não se curvará a quem quer que seja".

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"É um financiamento que começou com o bloqueio de estradas, depois eles se movimentaram, foram para frente de quartéis e, a partir daí, estamos entendendo esse fluxo de pessoas, que podem responder na esfera criminal", disse.


Protestos iniciaram em 31 de outubro, logo após o resultado das eleições / Foto: Caio Guatelli/ AFP

O financiamento envolve ônibus de prefeituras para o transporte de manifestantes e arrecadadores que usam números de pix. Agora, a maior preocupação é mapear o fluxo financeiro entre esses integrantes, segundo Sarrubbo.

"Nós já temos alguns nomes que ainda não podemos revelar porque estão sendo investigados, mas a ideia é que esse cruzamento possa permitir a identificação de empresários que estão patrocinando movimentos golpistas", disse nesta terça-feira (8).

Policiais e equipe de Tarcísio atrapalharam perícia em Paraisópolis, diz reportagem

Policiais militares e a equipe do governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) teriam atrapalhado a perícia do assassinato de um homem ocorrido em Paraisópolis, em 17 de outubro, enquanto o ainda candidato realizava agenda na região, segundo reportagem do The Intercept Brasil.

Testemunhas do assassinato afirmaram que agentes de segurança à paisana mataram Felipe da Silva Lima, de 28 anos. De acordo com o boletim de ocorrência, após os disparos, policiais militares fardados recolheram os objetos espalhados pelo chão: cartuchos, um coldre, um relógio de pulso, um aparelho celular e estojos de armas.


Tarcísio agachado durante troca de tiros em Paraisópolis / Foto: Divulgação

Para Renato de Vitto, defensor público do 1º Tribunal do Júri de São Paulo e ex-diretor geral do Departamento Penitenciário Nacional, no entanto, a prática configura o crime de fraude processual, ao implicar na modificação da cena do crime.

"A polícia dirige-se ao local e providencia que não se altere o estado e a conservação das coisas até a chegada dos peritos criminais. Quem vai manusear objeto relacionado à cena do crime é perito criminal", afirmou Vitto ao Intercept.

Soma-se a isso o fato de que ao transportar o corpo de Felipe até o hospital, a viatura da polícia parou em um posto de gasolina, que consta como o local de óbito do jovem, no documento de óbito. Testemunhas, entretanto, afirmam que Felipe morreu ainda em Paraisópolis, onde foi baleado. Neste caso, a polícia não deveria ter retirado o corpo da região até que os peritos chegassem.

No fim de outubro, a Polícia Civil de São Paulo pediu as gravações do tiroteio em Paraisópolis feitas por um cinegrafista da Jovem Pan. O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa fez o pedido depois de o jornal Folha de S. Paulo ter revelado que a equipe de Tarcísio de Freitas mandou a emissora apagar as gravações.

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Em um áudio, o cinegrafista da emissora afirmou que recebeu uma ordem da equipe de Tarcísio para apagar os vídeos após a troca de tiros. "Você filmou os policiais atirando?", questionou um integrante da campanha ao cinegrafista. "Não, trocando tiro efetivamente, não. Tenho tiro da PM pra cima dos caras", respondeu o profissional. Em seguida, ouviu "Você tem que apagar". O cinegrafista acompanhava o candidato de Jair Bolsonaro (PL), que estava na região e teve sua agenda suspensa.

O advogado Ariel de Castro Alves, do grupo Tortura Nunca Mais, entrou com uma ação na Ouvidoria da Polícia para investigar a destruição das provas. "A versão de autoridades policiais investigativas de que alguém da comunidade poderia ter retirado a suposta arma que estaria em poder do homem baleado pelos policiais causa estranhamento, em razão da grande quantidade de agentes que estavam nas proximidades de onde a vítima foi baleada e morta", cita.

Flávio e Eduardo Bolsonaro tentam agilizar processo de obtenção de cidadania italiana 

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filhos do candidato derrotado à reeleição Jair Bolsonaro (PL), foram até a embaixada da Itália, em Brasília, nesta terça-feira (8), para agilizar o processo de obtenção da cidadania italiana.


Família Bolsonaro / Reprodução

Nas redes sociais, o assunto chegou a ser um dos mais comentados no Twitter, com a hashtag #BolsonarosEmFuga, devido à derrota de Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais. Por meio de nota enviada ao Metrópoles, entretanto, a equipe de Flávio Bolsonaro afirmou que o processo começou em 2019.

"Sou senador da República por mais quatro anos, pretendo disputar a reeleição e, antes que comecem a criar teses mirabolantes, sair do país não é uma opção para mim", disse.

Bolsonaristas são bloqueados nas redes sociais 

O Youtube derrubou o canal do apresentador Monark por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, nesta terça-feira (8). No Twitter, Monark chamou Moraes de "ditador" após saber da decisão.

Nos últimos dias, o apresentador vinha falando, em suas redes sociais, de "ditadura do Judiciário" e "perda de liberdade". Um dia antes da medida de Moraes, Monark publicou no Youtube um vídeo de um argentino que questionou o resultado das eleições presidenciais no Brasil.

Além de Monark, Adrilles Jorge (PTB-SP), que tentou uma vaga à Câmara dos Deputados, teve seu perfil no Twitter suspenso. No Instagram, ele falou em "cerceamento" e "estado de censura no Brasil".

Os deputados federais José Medeiros (PL-MT) e Cabo Gilberto Silva (PL-PB) também tiveram os seus perfis suspensos no Twitter. Ambos são da base aliada de Bolsonaro e compartilharam imagens de atos antidemocráticos, em defesa de uma intervenção militar.

TRE questiona inconsistências na prestação de contas de Moro 

O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná  (TRE-PR) solicitou ao senador eleito Sergio Moro (União Brasil) a prestação de contas da campanha, depois que encontrou informações inconsistentes e ausência de documentação nos registros enviados à Justiça.


Sergio Moro / Foto: Dálie Felberg/Alep

O parecer desta segunda-feira (7) indica que a campanha de Moro não demonstrou os registros de movimentação financeira e os comprovantes de gastos. Um desses registros é da devolução do que sobrou do fundo partidário à direção do União Brasil.  

Outro apontamento são os gastos realizados após o fim da eleição, como despesas com agência de viagem nove dias após o fim do primeiro turno, em 2 de outubro.

Edição: Nicolau Soares