Ronda Política

Temer não decidiu apoiar Bolsonaro, presidente questiona primeiro turno sem provas e mais

Ex-presidente informou, por meio do ex-ministro Moreira Franco, que tratará do assunto somente na sexta (7)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O MDB, da qual Temer faz parte, liberou seus filiados a apoiarem Lula ou Bolsonaro - Evaristo Sa/AFP

O ex-presidente Michel Temer (MDB) mandou avisar que não decidiu apoiar Jair Bolsonaro (PL) à reeleição no segundo turno, segundo o ex-ministro Moreira Franco.

"Ele está em Londres e me ligou aflito para desmentir notícias publicadas no Brasil que já decidiu apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Ele me disse inclusive que não fala sobre política interna quando está fora do país", informou Moreira Franco à Folha de S. Paulo.


Ex-ministro Moreira Franco / Antonio Cruz/Agência Brasil

Temer disse que não definiu ainda quem apoiará em 30 de outubro para a Presidência da República e para o governo do estado de São Paulo. "Ele só vai tratar desses assuntos a partir da sexta (7), quando retorna de viagem", disse o ex-ministro.

Nesta quarta (5), o MDB liberou seus filiados a apoiarem qualquer um dos candidatos. No mesmo dia, a ex-presidenciável Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar no primeiro turno, declarou apoio a Lula.

Bolsonaro questiona apuração do primeiro turno sem provas 

O presidente Jair Bolsonaro questionou a apuração dos votos no primeiro turno, no qual ficou em segundo lugar, com 43,2%, atrás do ex-presidente Lula (PT), que teve 48,4%.

Bolsonaro comparou as eleições do último domingo (2) com a contagem de votos no segundo em 2014, quando a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) venceu Aécio Neves (PSDB) numa virada de votos e por uma margem pequena. Para Bolsonaro, o tucano venceu o pleito daquele ano, tese já derrubada pelo próprio Aécio.


Bolsonaro e Michele no discurso após desfile militar do Bicentenário da Independência, na capital federal / Reprodução/YouTube

"Até o gráfico da evolução que foi feito aqui levando-se em conta cada percentual de voto que era computado criou figura geográfica uniforme bem típica de algoritmo, muito parecido com aquela do segundo turno de 2014 do Aécio Neves", afirmou Bolsonaro em uma transmissão ao vivo nas redes sociais, nesta quarta-feira (5).

Logo após votar, ainda no domingo, o mandatário afirmou que seria estranho se não vencesse já no primeiro turno com pelo menos 60% dos votos. Ontem, ele afirmou que "apareceram alguns problemas" na apuração, o que já foi desmentido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Lula ganha apoio de bispo que integrou cúpula da Universal 

O bispo Romualdo Panceiro, que foi integrante da cúpula da Igreja Universal, declarou apoio ao ex-presidente Lula, nesta quinta-feira (5).


Bispo Romualdo Panceiro / Demetrio Koch/Igreja Universal

O suporte ocorre em um momento em que a campanha do petista trabalha para conquistar votos do eleitorado evangélico que, majoritariamente, vota em Bolsonaro. O vídeo no qual Panceiro declara apoio será utilizado na campanha de televisão de Lula e nas redes sociais.

União Brasil libera diretórios estaduais no 2º turno

A Executiva Nacional do União Brasil liberou seus filiados para apoiar o ex-presidente Lula ou Bolsonaro no segundo turno.

"Em um partido tão grande é natural que haja posições divergentes [a sigla tem 59 deputados federais, 100 estaduais e 12 senadores]. Por isso, em respeito à democracia intrapartidária, a direção nacional do União Brasil decide liberar seus diretórios e filiados para que sigam seus próprios caminhos, no segundo das eleições presidenciais e estaduais", publicou o União Brasil em seu perfil no Instagram.

Organização critica Moro e Deltan por associar Bolsonaro à luta anticorrupção 

A Transparência Internacional Brasil expressou "repúdio" às declarações do ex-juiz e agora senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR) e do ex-procurador e deputado eleito Deltan Dallagnol (Podemos-PR) por associarem o presidente Jair Bolsonaro ao combate à corrupção ao declarem voto no mandatário no segundo turno.

"Cada qual é livre para expressar sua preferência entre as opções do 2º turno das eleições ou optar pelo voto nulo", afirma a organização. No entanto, "associar a luta contra a corrupção ao apoio ao candidato Jair Bolsonaro é prestar imenso desserviço à causa e desvirtuar o que ela fundamentalmente representa", conclui o texto.


Sergio Moro e Deltan Dallagnol / Divulgação

Na terça-feira (4), Moro escreveu em seu perfil no Twitter que "Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro".

Na mesma linha, Dallagnol disse que é necessário "unir centro e direita em favor do combate à corrupção, de políticas públicas com base em evidências e de valores da cultura judaico-cristã que dão base à nossa sociedade como amor, compaixão e serviço às pessoas".

"Em diversos momentos da história e em várias partes do mundo, o discurso da luta contra a corrupção é sequestrado para viabilizar projetos autoritários de poder. A Transparência Internacional Brasil lamenta profundamente que agentes que efetivamente atuaram no enfrentamento a imensos esquemas de corrupção empresarial e política, com ramificações em dezenas de países, emprestem sua imagem à promoção de forças políticas corruptas e autoritárias no Brasil", informou a organização em nota.

Edição: Nicolau Soares