Perfis de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) destilaram comentários preconceituosos contra os nordestinos nas redes sociais, depois que o adversário do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), saiu vitorioso em todos os estados da região no primeiro turno deste domingo (2). A pena para quem comete discriminação de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional é de três a cinco anos de prisão e multa.
:: Para Lula, segundo turno é "apenas uma prorrogação": "nós vamos ganhar" ::
O bolsonarista Rodrigo Constantino publicou em seu perfil no Twitter uma imagem do mapa do Brasil com o Nordeste pintado de vermelho sendo a "Cuba do Sul". Na legenda, o comentarista escreveu: "Temos uma conclusão clara nessas eleições: a parte do país que mais recebe assistencialismo decide sobre a parte do país que mais produz para o PIB".
No Instagram, uma seguidora de Bolsonaro afirmou que nordestinos são "burros" e que por isso sempre serão "miseráveis" ao destacar a vitória do ex-presidente Lula no Nordeste. Em outra publicação, um bolsonarista diz: "Por isso é onde existe mais miséria, mais fome, menos saúde e educação. Me perdoem os bons nordestinos, mas por essas que passam pelo que passam e merecem (apesar de quem Minas não ficou muito atrás em burrice eleitoral). Por ser pobre precisa ser burro tbm?".
Bolsonaro recebeu voto útil no dia da eleição
Dados do Datafolha mostraram que o presidente Jair Bolsonaro (PL) recebeu o chamado "voto útil" no domingo da eleição (2), o que explica parcialmente a diferença entre as pesquisas de intenções de voto e os resultados eleitorais.
Segundo Luciana Chong, diretora do Datafolha, com a possibilidade de vitória do ex-presidente Lula (PT) já no primeiro turno, como indicavam algumas pesquisas, parte dos eleitores antipetistas de Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT) decidiram declarar voto em Bolsonaro para garantir uma vaga ao mandatário no segundo turno.
:: O que explica a diferença entre as pesquisas de intenção de voto e o resultado das eleições? ::
"Ao longo de toda a campanha, o Ciro ajudou a alimentar o antipetismo. Na hora do voto, parte dos eleitores movidos por esse aspecto desistiram dele e escolheram Bolsonaro", disse Chong à Folha de S. Paulo.
Dono do site "bolsonaro.com" depõe à PF nesta terça
O empresário Gabriel Baggio Thomaz prestará depoimento à Polícia Federal (PF), nesta terça-feira (4), para dar explicações sobre a compra do site "bolsonaro.com.br", que reúne críticas ao atual mandatário. O depoimento faz parte das diligências do inquérito aberto a pedido do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres.
Em 19 de setembro, a ministra do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Cármen Lúcia determinou que o site fosse retirado do ar. O domínio era utilizado para divulgar as ações do mandatário e do governo. Em 11 de agosto, no entanto, a titulação foi alterada.
Em entrevista à revista Veja, Baggio conta que adquiriu o domínio em um leilão feito pelo site de registros. "Eu estou exercendo a minha liberdade de expressão e fazendo uso da minha propriedade privada", disse parafraseando um dogma do bolsonarismo.
Rosangela Moro deve cerca de R$ 500 mil a fornecedores de campanha
A deputada federal eleita Rosangela Moro (União Brasil-SP), esposa do ex-ministro da Justiça e senador eleito Sergio Moro (União Brasil-PR), precisa pagar cerca de R$ 500 mil para empresas que forneceram materiais e serviços de campanha, segundo apuração do Metrópoles.
Deste total, Rosangela deve R$ 249 mil a uma empresa que forneceu materiais gráficos, como santinhos, adesivos e camisetas. De acordo com o coordenador da campanha de Rosangela, Guto Ferreira, "tudo está sendo verificado. Há a expectativa de que paguem todos os fornecedores atrasados ainda essa semana", disse ao UOL.
O prazo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o pagamento das dívidas com fornecedores de materiais e serviços de campanha terminou em 30 de setembro, na sexta-feira passada.
Parlamentares bolsonaristas iniciam investidas contra institutos de pesquisas
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) solicitou, nesta segunda-feira (3), a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os métodos utilizados pelos institutos de pesquisas de intenção de voto. Do Val defende que a apuração é necessária para "aferir as causas das expressivas discrepâncias entre as referências prognósticas, principalmente de curtíssimo prazo, e os resultados apurados".
O filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), também anunciou que começará a coletar assinaturas para a instalação de uma comissão.
:: O que explica a diferença entre as pesquisas de intenção de voto e o resultado das eleições? ::
Na mesma linha, o líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), informou em suas redes sociais que apresentará um projeto de lei para criminalizar os eventuais erros das pesquisas de intenção de voto.
A despeito das manifestações, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou a abertura de uma CPI. Ainda assim, o parlamentar afirmou que é necessária uma "boa legislação" a fim de evitar disparidades entre as pesquisas e os resultados eleitorais.
Edição: Nicolau Soares