Ronda política 2

Pressionado, Nogueira desiste de férias; funcionários pedem investigação de presidente do BNDES

Ministro bolsonarista do Centrão recua da ideia de ir para o Piauí nas vésperas do primeiro turno

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Bolsonaro e Nogueira estarão juntos na última semana de campanha - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Faltando pouco mais de uma semana para o primeiro turno das eleições, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP) recuou e anunciou nesta sexta-feira que desistiu do pedido de férias. A notícia de que um dos ministros do primeiro escalão do governo deixaria Brasília rumo ao Piauí às vésperas da votação repercutiu mal entre os bolsonaristas.

Nogueira está atuando diretamente na campanha pela reeleição do presidente. No meio político, o pedido de descanso foi entendido como uma sinalização de que parte do núcleo duro da campanha bolsonarista teria jogado a toalha.

O afastamento tinha sido anunciado na última quinta (22). Nogueira iria para o Piauí, seu reduto político. Apesar de dizer que iria fazer campanha para Bolsonaro, ele estaria, na verdade, dedicando o último fôlego pré-eleitoral à campanha da ex-esposa, Iracema Portella (PP), candidata a vice-governadora na chapa com Sílvio Mendes (União Brasil). 

"Irei descansar após a reeleição do presidente Bolsonaro", disse Nogueira, em nota enviada ao canal de TV por assinatura Globonews. A depender das últimas pesquisas, o descanso pode estar comprometido. Os últimos levantamentos dos principais institutos registram vantagem consistente para Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com boas chances de definição no primeiro turno.

Funcionários do BNDES querem investigação de fala do presidente do banco

A Associação dos Funcionários do BNDES solicitou à Comissão de Ética Pública da Presidência da República que investigue o presidente da instituição, Gustavo Montezano, que afirmou que a distribuição de recursos do banco público pode render "mais voto".

A fala aconteceu durante um evento do banco BTG, em agosto deste ano. "A classe política entendeu que, em vez de dar R$ 10 bilhões para uma empresa grande e ficar com o subsídio para ela mesma, você pode dar R$ 1 bilhão para mil empresas pequenas. É mais desenvolvimento social, mais desenvolvimento econômico e mais voto no final do dia", disse Montezano.

Para os funcionários, o presidente cometeu infração ética com a afirmação ao insinuar que as políticas de atuação do banco teriam caráter eleitoral. Com a denúncia, o objetivo é a abertura de um processo de investigação que pode, inclusive, culminar com a demissão.

Em nota enviada à Folha de S. Paulo, o BNDES informou que a fala do presidente foi retirada do contexto. Montezano tem forte ligação com Bolsonaro, e passou também pelo Ministério da Economia.

Justiça quebra sigilo fiscal de Ciro Gomes a pedido de José Serra

Vivendo uma semana difícil, com pressão em diversas frentes contra sua candidatura à presidência, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) teve que lidar com mais uma má notícia: a Justiça determinou a quebra de seu sigilo fiscal.

A decisão foi da juíza Mônica Di Stasi, da 3ª Vara Cível do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no contexto de um processo movido pelo senador e candidato a deputado federal José Serra (PSDB-SP).

Em 2002, Ciro e Serra foram adversários na eleição à presidência que terminou com a vitória de Lula. Na época, Ciro disse que "falta escrúpulos e ética" ao tucano. Processado, o pedetista foi condenado a pagar uma indenização que nunca foi quitada. 

Na decisão judicial que determinou a quebra do sigilo fiscal, a juíza acatou o pedido da defesa de Serra, que alega que Ciro oculta patrimônio para não quitar a dívida.

Em nota ao UOL, o advogado do candidato do PDT afirmou que ele não vê problema em abrir contas bancárias, e disse que a liberdade de expressão "parece ter sido proibida para Ciro Gomes".

Bolsonaro afirma que vai ao debate do SBT

Adotando postura diferente da que tomou em 2018, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (23) que estará no debate organizado pelo SBT neste sábado.

Em comício em Divinópolis (MG), o candidato à reeleição disse que "pretende ir". Segundo Bolsonaro, ele embarca na manhã de sábado para Campinas (SP), onde se prepara para o encontro com os candidatos, que acontece a partir das 18h15.

O líder das pesquisas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não deve comparecer. Ele tem dois atos de campanha confirmados para a capital paulista no dia do evento, um deles com início marcado para as 17h.

O debate será exibido pelo SBT e pela CNN. O pool de veículos que organiza o encontro tem ainda o jornal O Estado de S. Paulo, a revista Veja, o portal Terra e a rádio NovaBrasil

Castro reafirma apoio a Bolsonaro, mas diz que vai dialogar com Lula se os dois forem eleitos

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL) reafirmou o apoio ao companheiro de partido Jair Bolsonaro, mas disse que vai dialogar com Lula caso seja reeleito e o petista retorne ao Planalto.

"Não tenho problema nenhum com isso. Convivi muito bem com o presidente [da Assembleia Legislativa fluminense] André Ceciliano, que é do PT. Já demonstrei o quanto sou um político do diálogo. Ficarei mais feliz se o presidente Bolsonaro ganhar, mas exercerei o diálogo também se ele não ganhar", afirmou.

Castro disse que "hoje" está ao lado de Bolsonaro, e que deve ao atual presidente o cargo que ocupa. Vice na chapa de Wilson Witzel (hoje no PMB) ao governo fluminense, ele herdou a cadeira quando o titular sofreu impeachment. A chapa foi eleita na onda bolsonarista de 2018.

"Seria até uma falta de caráter não estar do lado dele [Bolsonaro]", disse. "Estou com Bolsonaro, é o melhor para o país. Mas se o outro lado governar, temos que aceitar a decisão do povo", complementou.

Em novo aceno a Lula, Castro disse que não acredita em críticas comuns feitas ao petista por parte do bolsonarismo, como afirmações de que ele atentaria contra a liberdade religiosa em caso de vitória nas eleições.

"No final das contas, Bolsonaro não fez aquilo que as pessoas falam, e Lula não vai fazer aquilo que falam. É uma guerra política, de campanha", concluiu.

Edição: Rodrigo Durão Coelho