Movimentos populares denunciaram a fome que atinge 33 milhões de brasileiros nesta quarta-feira (7), dia do Bicentenário da Independência do Brasil, em protesto realizado no centro do Rio de Janeiro. O Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) hastearam uma faixa com a frase “Independência é um Brasil Sem Fome" nos Arcos da Lapa, ponto turístico da capital fluminense.
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Os movimentos promoveram também uma ação de solidariedade para 500 pessoas no Morro dos Prazeres, região central da cidade. Já o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e Movimento Unido dos Camelôs (MUCA) produziram 250 quentinhas para população em situação de rua na Cozinha Solidária da Lapa.
Segundo Gláucia Nascimento, coordenadora MTST no Rio, o ato é uma resposta ao governo Bolsonaro. “Isso é uma denúncia de toda exclusão, que ficou mais evidente após a pandemia, após todo esse desgoverno, sua ausência de políticas públicas e exclusão de parcelas da sociedade que o governo quer que padeçam”, disse.
::Grito dos Excluídos tem café da manhã para 5 mil pessoas em SP::
Para ela, os gastos públicos com as comemorações realizadas hoje, incluindo o transporte do coração do imperador Dom Pedro I de Portugal ao Brasil, poderiam fazer diferença na vida de quem mais precisa. “Trazem o coração do nosso colonizador, mas não têm dinheiro para comida, alimentação, habitação”, afirmou Nascimento.
Ela espera que esse descaso seja levado em conta na eleição deste ano. “O importante hoje é denunciar, para que a população que vê aquela faixa vá pra urna consciente do poder do peso que tem seu voto. A gente quer esperança”, concluiu.
A ação faz parte do Grito dos Excluídos e Excluídas, que acontece há 28 anos, sempre no dia 7 de setembro. Neste ano, ele contrapõe as comemorações militares e institucionais organizadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) com o mote “Por terra, teto, pão e democracia - pão e viver bem".
Em São Paulo, desde às 7h, pastorais, sindicatos, movimentos de moradia, entre outros, faziam uma distribuição de café, suco, pão, frutas e capas de chuva à população. A estimativa dos movimentos era fornecer café da manhã para 5 mil pessoas.
Edição: Glauco Faria