Empresários e movimentos de direita estão financiando a viagem de militantes bolsonaristas para Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo para as manifestações do 7 de setembro. Segundo apuração da Folha de S. Paulo, a viagem é custeada total ou parcialmente, mas sempre abaixo dos valores comerciais.
Do interior de São Paulo, em Bauru, sairão cinco ônibus com destino à Avenida Paulista com 230 pessoas cada veículo. O valor da passagem é de R$ 120 ida e volta, metade do preço cobrado por empresas comerciais.
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De Itapira, também no interior de São Paulo, sairão quatro ônibus com 46 pessoas em cada veículo para o mesmo destino. Mas, diferente dos passageiros que sairão de Bauru, esses viajarão de graça. "De graça, 46 pessoas em cada ônibus. (...) Indo de livre e espontânea vontade. E tenho mais 30 pessoas na lista de espera", afirmou Diego Formenti, presidente do grupo Patriotas Itapira, em entrevista à Folha.
Financiados pelos movimentos Direita Minas e Voluntários Uberlândia, 180 ônibus sairão do município mineiro rumo a Brasília. O valor é se R$ 100 ida e volta, quando os valores comerciais giram em torno de R$ 300 ida e volta.
Uma lista que circula em aplicativos de mensagens como Telegram e WhatsApp indica que são pelo menos 240 ônibus, 7 micro-ônibus e 6 vans que chegarão à Paulista nesta quarta-feira. No documento, os organizadores pedem que os militantes levem faixas em "inglês, espanhol, francês e outros idiomas com a data completa”, argumentando que "as fotos de seus cartazes irão para os jornais de todo o mundo".
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E alertam: "LEMBREM-SE não é uma festa, _estamos indo 'lutar' pela nossa liberdade e contra o comunismo! _Exemplo:_ _'WE TRUST ARMED FORCES'_(eles sabem o que fazer para termos eleições limpas,_ a nossa intervenção já foi feita democrática pelo voto em 2018, _temos apenas que_ confiar e mostrar que acreditamos realmente neles)".
Bolsonaro e Mourão sobem o tom após decisão de Fachin sobre armas
Após a decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender decretos e portarias que tratam da flexibilização do porte de armas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) falou em "violação de direitos", "abusos"e "completa tirania" em seu perfil no Twitter sem, no entanto, citar o magistrado.
"O pior dos discursos jamais será mais grave do que a menor das violações de direitos, mesmo fantasiada de justiça. Na história, perseguições sempre foram fundamentadas desta forma e promovidas gradativamente. O final inevitável deste caminho autoritário é a completa tirania", escreveu.
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"Uma ação autoritária nunca é assim chamada por seu autor. Pelo contrário, ela aparenta combater supostas ameaças para que seja legitimada. Assim, abusos podem ser cometidos sob o pretexto de enfrentar abusos. Esse é o mal das aparências, elas favorecem os verdadeiros tiranos."
No mesmo dia, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), classificou como absurda a decisão do ministro Edson Fachin. "Novamente o Judiciário extrapola suas atribuições, fazendo ingerência indevida. As liminares de hoje interferem em decisões já aprovadas pelos outros Poderes, nos direitos de autodefesa e dos CACs. Liberdade não se negocia e absurdos como esses não podem continuar", escreveu Mourão em seu perfil no Twitter.
Nesta segunda-feira (5), Fachin atendeu a três ações, duas do PSB e uma do PT, que questionam a constitucionalidade dos decretos e portarias de Bolsonaro. Em sua decisão, Fachin citou os recentes episódios de violência política, como o assassinato do petista Marcelo Arruda pelo bolsonarista Jorge Guaranho, em Foz do Iguaçu (PR).
"Passado mais de um ano e à luz dos recentes e lamentáveis episódios de violência política, cumpre conceder a cautelar a fim de resguardar o próprio objeto de deliberação desta Corte. Noutras palavras, o risco de violência política torna de extrema e excepcional urgência a necessidade de se conceder o provimento cautelar", justificou Fachin.
A suspensão determinou que somente pessoas que "demonstrem concretamente, por razões profissionais ou pessoais, possuírem efetiva necessidade" estão autorizadas a ter a posse de armas.
Eduardo Bolsonaro convoca brasileiros armados para serem voluntários do presidente
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) convocou os brasileiros que têm "armas legalizadas" para serem voluntários em defesa do presidente Jair Bolsonaro, em seu perfil no Twitter, após a decisão de Fachin.
"Você comprou arma legal? Tem clube de tiro ou frequenta algum? Então você tem que se transformar num voluntário de Bolsonaro. Peça ao seu candidato a deputado federal adesivos e santinhos do presidente. Distribua", publicou.
Esplanada dos Ministérios é bloqueada após tentativa de invasão de caminhoneiros
A Secretaria da Segurança Pública do Distrito Federal bloqueou os acessos à Esplanada dos Ministérios na noite desta segunda-feira (5), depois que cerca de 10 caminhoneiros bolsonaristas tentaram invadir o local. O acesso à Esplanada para caminhões está proibido desde sábado (3).
Em nota, a secretaria informou que os caminhoneiros foram informados da impossibilidade de seguir para a Esplanada e seguiram "de forma pacífica" para outra região.
Procuradoria cobra das Forças Armadas medidas para evitar partidarização do 7 de Setembro no RJ
O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro notificou as Forças Armadas com medidas que visam evitar a partidarização das celebrações oficiais do Sete de Setembro e o envolvimento de militares em manifestações político-partidárias.
Marinha e Aeronáutica devem responder à notificação até a manhã de quarta-feira (7) com um plano de como farão para evitar a politização. Até o momento, somente o Exército respondeu, segundo a Folha de S. Paulo.
Em ofício enviado à Procuradora, o general Sérgio da Silva, chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, afirmou que os eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro são "demonstrações cívico-militares de amor pelo Brasil e contribuem para o fortalecimento de valores e para a manutenção da unidade nacional".
"Eventuais matérias veiculadas nos meios de comunicação não podem desvirtuar tal natureza e tampouco atribuir às instituições um papel que não lhes é próprio", afirma o general.
Edição: Nicolau Soares