Ronda Política

EUA dizem confiar na eleição do Brasil, procuradores cobram PGR por falas de Bolsonaro e mais

A embaixada dos EUA declarou que "os Estados Unidos confiam na força das instituições democráticas brasileiras"

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Durante 50 minutos, Bolsonaro discursou para embaixadores estrangeiros sobre as eleições no Brasil - Foto: Divulgação

A Embaixada dos Estados Unidos se posicionou depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez declarações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro durante a reunião com embaixadores na última segunda-feira (18), no Palácio da Alvorada.

Por meio da assessoria de imprensa, a embaixada declarou que "os Estados Unidos confiam na força das instituições democráticas brasileiras". Disse ainda que o Brasil tem "um forte histórico de eleições livres e justas, com transparência e altos níveis de participação dos eleitores".

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"As eleições brasileiras, conduzidas e testadas ao longo do tempo pelo sistema eleitoral e instituições democráticas, servem como modelo para as nações do hemisfério e do mundo", completou. "À medida que os brasileiros confiam em seu sistema eleitoral, o Brasil mostrará ao mundo, mais uma vez, a força duradoura de sua democracia", concluiu.


Douglas Koneff, representante da diplomacia dos EUA, na reunião com Bolsonaro / Clauber Cleber Caetano/PR

Em seu discurso aos embaixadores, Bolsonaro requentou acusações já rebatidas pelo TSE. Ele partiu de um inquérito aberto pela Polícia Federal em 2018 sobre uma tentativa de invasão de um hacker ao sistema do tribunal. A corte já esclareceu que esse acesso foi bloqueado e não teve qualquer interferência no resultado das eleições. Entre as mentiras ditas pelo presidente durante a reunião, o capitão reformado declarou aos embaixadores que o sistema eleitoral não é auditável.

As acusações foram rebatidas pelo TSE e entidades de servidores da Polícia Federal.

Procuradores cobram Aras por declarações de Bolsonaro  

Em documento, 43 procuradores da República acionaram o procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitando uma investigação contra Bolsonaro pelas declarações feitas durante a reunião com os embaixadores.

Os procuradores defendem que o capitão reformado fez campanha de desinformação e atacou a liberdade democrática. "A conduta do presidente da República afronta e avilta a liberdade democrática, com claro propósito de desestabilizar e desacreditar o processo e as instituições eleitorais e, nesse contexto, encerra, em tese, a prática de ilícitos eleitorais decorrentes do abuso de poder."

"O presidente da República atacou explicitamente o sistema eleitoral brasileiro, proferindo inverdades contra a estrutura do Poder Judiciário Eleitoral e a democracia brasileira, em clara campanha de desinformação, o que semeia a desconfiança em instituições públicas democráticas, bem como na imprensa livre", afirmam os signatários.


A postura de Aras tem sido negar o impacto das ações do presidente da República / José Cruz/Agência Brasil

Antes, 33 subprocuradores-gerais da República publicaram um manifesto no qual lembram que entram no escopo de crime de responsabilidade "utilizar o poder federal para impedir a livre execução da lei eleitoral, servir-se das autoridades sob sua subordinação imediata para praticar abuso do poder, subverter ou tentar subverter por meios violentos a ordem política e social, incitar militares à desobediência à lei ou infração à disciplina e provocar animosidade entre as classes armadas, ou delas contra as instituições civis". 

Os subprocuradores também afirmam que está o poder concedido ao presidente pela Constituição ao presidente "não lhe dá o direito de desacreditar ou de atacar impunemente as instituições".

Na mesma linha, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, também repudiou a fala do presidente Bolsonaro, nesta terça-feira (19), por meio de uma nota publicada pela Corte. "Em nome do STF, o ministro Fux repudiou que, a cerca de 70 dias das eleições, haja tentativa de se colocar em xeque mediante a comunidade internacional o processo eleitoral e as urnas eletrônicas, que têm garantido a democracia brasileira nas últimas décadas", diz a nota.  


O ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) / Foto: Agência Brasil

Segundo Fux, "o Estado democrático de Direito, consagrado na Constituição Federal de 1988, requer a defesa desse sistema, sem que jamais tenha havido evidência concreta de fraude, e a rejeição, por todas as instituições do Estado, de qualquer tentativa de desacreditá-lo". 

Oposição vai ao STF contra Bolsonaro por crime contra instituições 

Parlamentares do PT, PSOL, PCdoB, PDT, Rede, PSB e PV protocolaram, nesta terça-feira (19), uma ação no STF para que o presidente Bolsonaro seja investigado por crimes contra as instituições democráticas devido às declarações feitas em reunião com os embaixadores.

As siglas escreveram, no documento, que o chefe do Executivo não pode "usar do cargo de presidente da República para subverter e atacar a ordem democrática, buscando criar verdadeiro caos no país e desestabilizar as instituições públicas".

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"O presidente da República voltou a questionar a lisura do processo eleitoral brasileiro, de uma forma ainda mais agressiva e chocante, o que expõe seriamente a imagem do Brasil no cenário internacional, significando grave ameaça ao Estado democrático de Direito, pois afronta a soberania popular a depender do possível resultado do pleito de 2022", diz o pedido.

Os parlamentares querem que Bolsonaro seja investigado pelos supostos crimes de propaganda eleitoral antecipada, de abuso do poder político e econômico e de improbidade administrativa.

Temer tentará adiar convenção do MDB a pedido de ala lulista 

O ex-presidente Michel Temer (MDB) afirmou, durante reunião com líderes da sigla nesta terça-feira (19), que irá encaminhar ao presidente do partido, o deputado Baleia Rossi (SP), o pedido de adiamento da convenção que irá oficializar o nome da senadora Simone Tebet (MS) como candidata à Presidência.

Os líderes do MDB de 11 estados que declararam apoio ao pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na segunda-feira (18), propõem que a data da convenção mude de 27 de julho para 5 de agosto, o último dia para as siglas realizarem as convenções.

Baleia Rossi, no entanto, já negou a possibilidade de mudança e reafirmou Tebet como candidata do partido. "MDB, PSDB e Cidadania, que atendem pelo nome de CENTRO DEMOCRÁTICO decidiram que suas convenções nacionais para homologar Simone Tebet como candidata à Presidência do Brasil serão no dia 27 de julho. Esta data está mantida. #SiimoneSIM", publicou em seu perfil no Twitter.  


Baleia Rossi, presidente nacional do MDB / Cleia Viana/Câmara dos Deputados

Os líderes do MDB que fecharam apoio ao ex-presidente Lula são do Amazonas, Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Paraíba, Alagoas, Espírito Santo e Rio de Janeiro. O grupo também afirmou o apoio do MDB a Lula no Pará e no Rio Grande do Norte. 

Ainda assim, Baleia Rossi disse que a candidatura da senadora tem o apoio em todos os estados. "Conversei há pouco com alguns dirigentes que supostamente estariam com outro candidato a presidente. Eles me garantiram que vão apoiar Simone Tebet na convenção que vai homologá-la candidata. Decidimos por maioria, respeitando as minorias. Teremos apoio nos 27 estados", escreveu Baleia Rossi, também em seu perfil no Twitter.

MDB publica carta em apoio a Tebet 

Na mesma linha do posicionamento do deputado Baleia Rossi, o MDB publicou uma carta oficial de apoio à senadora Simone Tebet. "Em respeito ao povo brasileiro e aos filiados do MDB, nós – defensores de uma alternativa à polarização e ao populismo – ratificamos nosso compromisso de lutar pela eleição de Simone Tebet à Presidência da República", afirmam na nota enviada pela assessoria de imprensa da emedebista.  


Senadora Simone Tebet (MDB-MS) / Edilson Rodrigues/Agência Senado

"Esse compromisso faz jus à decisão tomada, em outubro 2019, em Convenção Nacional, em favor de uma posição de independência ao atual governo e também o resgaste do protagonismo do MDB com seus valores e bandeiras." O documento é subscrito por 27 integrantes do partido.

Damares desiste de disputa ao Senado 

A ex-ministra Damares Alves (Republicanos) desistiu de concorrer a uma vaga no Senado pelo Distrito Federal, nesta terça-feira (19). O anúncio ocorreu depois que o presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador Ibaneis Rocha (MDB) e o ex-governador José Roberto Arruda (PL) fecharam apoio entre si para concorrer, respectivamente, à reeleição à Presidência e ao governo do DF e a uma vaga na Câmara dos Deputados. A esposa de José Arruda, a ex-ministra Flávia Arruda, irá se candidatar ao Senado, no lugar de Damares.


Da esquerda à direita: Ibaneis Rocha, Damares Alves, Jair Bolsonaro, Flávia e José Arruda / Divulgação

O novo arranjo foi feito a pedido de Bolsonaro, segundo Ibaneis, garantindo assim um palanque expressivo no Distrito Federal. "Saímos com uma aliança consolidada, dependendo de pequenos ajustes que serão feitos no decorrer da semana", disse Ibaneis à imprensa após a reunião.

"Nós todos temos compromisso com o presidente Jair Bolsonaro e ele nos convidou para essa reunião no sentido de que a gente possa unificar o campo que está em torno do presidente no DF", disse Ibaneis.

Polícia investiga Marquinhos Trad, candidato a governador no MS, por assédio sexual 

O pré-candidato do PSD ao governo Mato Grosso do Sul Marquinhos Trad é investigado pela Polícia Civil do estado por denúncias de assédio sexual feitas por quatro mulheres que procuraram a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam).

Três das quatro mulheres disseram que foram até o gabinete da Prefeitura de Campo Grande, ainda quando Trad era prefeito, depois que receberam a promessa de emprego. Ao chegar no local, no entanto, teriam se deparado com episódios de assédio.

Em depoimento, uma das mulheres afirma que Trad "começou a tentar beijá-la passando a mão em seu corpo, mais precisamente em seus seios e, em seguida a empurrou para uma pia e abaixou as próprias calças".  


Marquinhos Trad / Reprodução/PSD

Em nota ao site Metrópoles, Trad negou as acusações. "Quanto mais eu consolido minha liderança nas pesquisas de intenção de voto ao governo estadual, mais ataques surgem", afirmou.

Pré-candidato à Presidência, Leonardo Péricles é vítima de racismo nas redes mais uma vez 

O pré-candidato à Presidência da República pela Unidade Popular (UP), Leonardo Péricles, foi mais uma vez vítima de racismo. Em seu perfil no Twitter, ele afirmou que os ataques têm ocorrido "de forma intensa e ostensiva".

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Nas redes sociais, Péricles recebeu um comentário de um internauta, que se identifica como Bruno Silva: "sou português ariano puro e sinto nojo de pretos porque tua raça tem em média 55-80 de QI e também possuem uma altíssima propensão para violência. A raça preta deveria ser expulsa das cidades e empurrada de volta para a selva, um lugar que nunca deveriam ter saído."


Leonardo Péricles / Reprodução/Facebook

Em nota, Péricles informou que as medidas cabíveis serão tomadas. "Há mais de 90 anos, um negro não é candidato ao cargo mais importante do Brasil. Minha presença incomoda os racistas e os fascistas que querem manter seus privilégios. Esses ataques serão tratados como devem pelo jurídico do nosso partido e sendo mola propulsora para lutarmos." 

Edição: Nicolau Soares