Assassinados no mês passado na Amazônia, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips serão lembrados em ato inter-religioso na Catedral da Sé, no centro de São Paulo, no próximo sábado (16). O evento acontece a partir das 10h.
A atividade também vai homenagear a trajetória de Dom Cláudio Hummes, arcebisto emérito de São Paulo, que faleceu no último dia 4 de julho. Hummes era reconhecido pela defesa dos povos indígenas e se notabilizou por abrir as portas da igreja para acolher militantes perseguidos pelas forças de repressão.
Os organizadores informam que o ato terá a presença de católicos, anglicanos, metodistas, pentecostais, judeus, muçulmanos, bahá’ís, budistas, kardecistas, povos tradicionais de matrizes africanas e membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Dom Pedro Luiz Stringhini, bispo de Mogi da Cruzes, representará a Igreja Católica. Também participarão representantes de povos indígenas e ativistas pelos direitos humanos.
As viúvas de Bruno, Beatriz Matos, e de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, estarão presentes. Atrações culturais, com a presença do cantor e compositor Chico César, o coral indígena Opy Mirim, a cantora Marlui Miranda e cantora lírica Tati Helene também estão previstas.
A iniciativa do evento é da Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, em parceria com a Comissão Justiça e Paz de São Paulo, a Comissão Arns de Direitos Humanos, o Instituto Vladimir Herzog e a seção paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
“Honrar a memória desses defensores de direitos humanos exige dar continuidade à sua bem-aventurada missão”, defendem, em manifesto, a Frente e as entidades que organizam o ato inter-religioso na Sé.
Últimas notícias sobre assassinato na Amazônia
A Polícia Federal (PF) prendeu na última semana em Tabatinga (AM) o homem conhecido como "Colômbia", suspeito de envolvimento nas mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips. Ainda sem identificação oficial, ele é apontado por lideranças indígenas locais como possível mandante dos assassinatos do indigenista e do jornalista britânico. Sua participação nos crimes, porém, não foi confirmada publicamente pela Polícia Federal (PF).
Desde o desaparecimento de Bruno e Dom, indígenas familiarizados com as atividades ilegais na região afirmam que Colômbia seria um dos principais financiadores da caça e pesca ilegais no Vale do Javari. Segundo eles, as mortes seriam uma represália pelo prejuízo financeiro provocado pelas atividades de monitoramento conduzidas por Pereira, que mapeava as atividades ilegais e as informava às autoridades.
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O superintendente do órgão de investigação no Amazonas, Alexandre Fontes, afirmou que o homem nega ter envolvimento com a pesca ilegal e os assasinatos, mas admitiu manter negócios lícitos relacionados à pesca com Amarildo da Costa Oliveira, o "Pelado", preso por suspeita de ter atirado contra as vítimas.
O Brasil de Fato não conseguiu localizar o advogado de Colômbia. O espaço segue aberto à manifestação da defesa. Caso haja resposta, este texto será atualizado.
Edição: Vivian Virissimo