VIOLÊNCIA POLÍTICA

Com o pensamento em Marcelo Arruda e em tantos assassinados

As vítimas dessa espiral de violência induzida são em grande parte integrantes da classe trabalhadora

Brasil de Fato | Guarapuava (PR) |
O guarda municipal Marcelo Arruda foi morto com dois tiros à queima roupa, enquanto comemorava seus 50 anos - Reprodução/ Redes Sociais

Não conheci Marcelo Arruda, e mesmo assim posso dizer que ele era uma pessoa marcante, intensa e corajosa.

Posso dizer sem medo de exagerar que ele comemorava e lutava com a mesma intensidade com que, até seu último momento, defendeu aqueles a quem amava e estimava.

Marcelo comemorava meio século de vida, uma curta jornada abreviada pelo ódio semeado por Jair Bolsonaro e seu sangue derramado se junta aos de centenas de milhares de brasileiros, que tombaram nessa era de terror que se instaurou no Brasil desde sua eleição.

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As vítimas dessa espiral de violência induzida são em grande parte integrantes da classe trabalhadora que a horda bolsonarista ataca impunemente: indígenas, negros, imigrantes, quilombolas, LGBTQIA+.

O assassinato de Marcelo Arruda seguiu a risca quase a totalidade do nefasto itinerário do que os operadores da lei denominaram “iter criminis”; ou seja, a cogitação, a preparação, a execução e a consumação, mas não se exauriu com o fim de sua vida.

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Trata-se de um crime continuado, iniciado em com o golpe de 2016, cuja principal ideia ou cogitação passava pela destituição de um governo democraticamente eleito para impor uma ditadura das elites cujo papel de “capitães do mato” coube aos meninos de ouro da Lava-Jato.

Pode-se atribuir os percalços na fase de “preparação” à sanha de poder dos capatazes da Lava-Jato, cuja ambição desmedida colocou em xeque o que fora planejado.

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E neste momento que surge Bolsonaro e sua horda, responsáveis pela execução deste crime odioso, que se junta a tantos outros como Marielle Franco, Bruno, Dom, Genivaldo e Moïse.

Porém, consumados esses crimes, eles não se exaurem, pois ainda que Marcelo tenha conseguido revidar e proteger com sua vida seus familiares, amigos, e companheiros, outros como ele surgirão incentivados pelas falas odiosas daqueles que apoiam Jair Bolsonaro.

Jorge José da Rocha Guaranho, o assassino de Marcelo e policial penal federal, portanto não agiu sozinho, e como ele, ainda existem milhares de potenciais criminosos a serviço de um governo genocida.

Estão prontos para sujarem de sangue suas mãos em nome da defesa do seus “mito” como gritou o assassino de Marcelo. Eles estão infiltrados em todos os lugares, inclusive onde menos esperamos: sindicatos, jornais, tevês, e até mesmo em nossas famílias.

Embora não tenha conhecido pessoalmente Marcelo, em meus pensamentos digo a ele: Companheiro, sua luta continua, ela não se exaure com seu sangue derramado, ela é de cada um de nós que corajosamente erguemos diariamente nossa voz contra nossos algozes.

*Alexsander Menezes é diretor do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do Paraná (Sinticom).

**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Pedro Carrano