Anti-guerra

Milhares vão às ruas contra cúpula da OTAN a ser realizada em Madri, Espanha

Protestantes afirmam que OTAN é responsável guerras como da Iugoslávia e da Líbia, e está incentivando corrida por armas

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Protestos de movimentos espanhóis se opõem à realização da Cúpula da Otan, em Madrid - Reprodução /UJCE

No domingo, 26 de junho, milhares de pessoas foram às ruas de Madri, na Espanha, em oposição à cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a ocorrer na capital espanhola. Manifestantes chamaram a Otan de ameaça global à paz e exigiram sua dissolução. 

Os organizadores afirmaram que quase 30 mil pessoas participaram do protesto, com cartazes e posters com slogans como “Nem pela Otan nem pela guerra, mas pela paz”. Eles também levantaram mensagens contra as bases militares estadunidenses em solo espanhol e pediram por sua remoção. 

O ato foi organizado por um conjunto de grupos que incluiu a Juventude Comunista, a ala jovem do Partido Comunista da Espanha, bem como a Plataforma pela Paz, a Federação Mundial da Juventude Democrática dentre outros. 

Tweet da Liga da Juventude Comunista Britânica: Protestos contra a OTAN hoje mais cedo 

Os organizadores também realizaram uma cúpula pela paz com duração de dois dias (24 e 25 de junho). Na conclusão do evento, uma declaração conjunta foi emitida afirmando que a “Otan é uma séria ameaça à paz mundial, tendo deixado um rastro de destruição da Iugoslávia ao Afeganistão”.  

A declaração conjunta exige a “dissolução da Otan”, afirmando que a organização viola a carta da ONU e está intensificando uma “nova guerra fria contra a China e Rússia”. O documento também destaca o fato de que a Otan está atuando contra “governos progressistas em todo o Sul Global” e incentivando uma corrida armamentista mundial que “vai no sentido oposto às necessidades reais das pessoas: educação, saúde, moradia, assistência social e políticas energéticas efetivas”. 

A Organização, cuja agenda é dominada pelos Estados Unidos, tem um orçamento militar combinado de mais de um trilhão de dólares e representa cerca de 57% do total de gastos militares mundiais. Recentemente, o grupo tentou incentivar todos os seus membros a gastar pelo menos 2% de seus PIBs em orçamento de defesa como acordado na cúpula de 2014. 

Um dos manifestantes, Concha Hoyos, disse que está “cheia desses negócios de armas e matança de pessoas. A solução que eles propuseram é [ter] mais armas e guerras e nós somos quem sempre paga por isso. Então, não à OTAN, não às bases militares. Que os estadunidenses saiam e nos deixem em paz sem guerras e armas”, reportou o canal de tv pan-arabista Al-Mayadeen. 

Manifestações similares foram realizadas em diferentes cidades europeias, inclusive em Londres, onde milhares participaram. Mais desses atos estão marcados para os próximos dias. 

Temendo novas manifestações contra a cúpula da Otan no país, o governo espanhol proibiu todos os protestos até quarta-feira (29), citando razões de segurança.

Cúpula da OTAN

A cúpula da Otan está agendada para os dias 29 e 30 de junho em Madri. Além das suas questões organizacionais, a aliança militar transatlântica, que possui 30 países membros, também focará na guerra na Ucrânia e no pedido de adesão de dois novos países, Finlândia e Suécia. Falando com a imprensa em 22 de junho, o secretário geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que o fortalecimento da aliança é prioridade diante do crescente perigo da Rússia e China.

A cúpula terá a presença do presidente ucraniano, Vlodomyr Zelensky, que tem exigido que a organização tenha papel mais ativo na defesa de seu país contra o ataque russo em curso. O pedido de Zelensky é fortemente apoiado pelo presidente estadunidense Joe Biden e outros, apesar do fato de que a Ucrânia não integra a Otan. Os EUA já prometeram bilhões de dólares em suprimentos de armas para a Ucrânia.

A Rússia disse que esse apoio à Ucrânia é prova de sua alegação sobre o Ocidente e a organização estarem usando o país do leste europeu em uma guerra por procuração contra os russos. O país de Vladimir Putin começou sua operação militar em solo ucraniano no mês de fevereiro, após os Estados Unidos e Otan se negarem a discutir as preocupações russas quanto à segurança em relação à entrada da Ucrânia na aliança militar, bem como as proposta da Organização de implantação de armas pesadas.

Além da situação entre Rússia e Ucrânia, os membros da OTAN também discutirão as candidaturas da Suécia e Finlândia, que abandonaram recentemente sua neutralidade de décadas. A Turquia se opõe as candidatura dos dois países escandinavos, acusando-os de apoiar grupos curdos que, afirmam os turcos, realizam ataques terroristas dentro das fronteiras do país. A Rússia chamou as candidaturas de outra provocação do Ocidente.

As possíveis adesões da Suécia e Finlândia à Otan significariam a implantação de forças e armas ocidentais nesses países, que ou compartilham fronteiras com a Rússia (caso da Finlândia) ou com ela têm certa proximidade.

Formada em 1979 como uma organização coletiva de segurança integrada por países pró-Estados Unidos durante a Guerra Fria contra a União Soviética, o número de membros da Aliança Militar aumentou de 12 para 30. A Organização deu boas-vindas a 14 novos membros desde o fim da Guerra Fria. Sua expansão em direção ao leste europeu tem sido uma questão controversa que enfrentou ativa oposição russa.

Ativistas acusam a organização de estender seu mandato ao ter se envolvido ativamente nas guerras da Iugoslávia, Afeganistão, Líbia e outros países para perseguir os interesses imperialistas dos Estados Unidos e seus aliados. A Otan foi também parceira dos EUA na guerra que este país empreendeu contra o Iraque.