O Brasil registrou 316 mortes e 76.638 casos de covid-19 nas últimas 24 horas, de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Assim, em todo o país, a média móvel de óbitos calculada em sete dias ficou em 208. É a primeira vez desde 1º de maio que esse índice ultrapassa a média de 200 mortes. Em um mês, a média de óbitos registrou aumento de 69%.
Do mesmo modo, a média móvel de casos, que ficou em 55.447, continua subindo. Na comparação com os últimos 30 dias, a alta chega a 137%. O total de casos seguramente é ainda maior, já que os resultados positivos dos autotestes não entram nos índices oficiais.
Apesar da provável subnotificação dos casos, os dados da plataforma SP Covid-19 Info Tracker (USP/Unesp) também apontam para o avanço da doença no país. Atualmente, a taxa de contágio da doença está em 1,85. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas transmitem a doença para outras 185. É a maior taxa registrada desde 10 de fevereiro, após a explosão de casos da variante ômicron. Os pesquisadores estimam que taxa de transmissão deve chegar a 1,87 na próxima segunda-feira (4).
Ao todo, desde o início da pandemia, o Brasil tem 670.848 óbitos oficialmente registrados e mais de 32,2 milhões de casos da doença.
Quarta onda no inverno
“Para quem ainda duvida da existência da quarta onda da pandemia de covid-19, os dados de hoje são mais que óbvios”, alertou neurocientista Miguel Nicolelis, pelo Twitter. “O inverno não pode ser assim como padrão daqui pra frente”, lamentou o coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt. “Temos de pensar em mitigação da transmissão, não podemos achar que assim está bom”.
Como forma de conter a transmissão, o uso de máscaras continua sendo o principal aliado, principalmente em ambientes. O ideal é utilizar máscaras N95/PFF2, de alta proteção. Já para evitar que a doença evolua para casos graves, com risco de internação, a melhor forma é manter o ciclo vacinal atualizado. Enquanto algumas capitais já começam a aplicar a quarta dose das vacinas para maiores de 40 anos, apenas 62,14% da população com mais de 18 anos já tomou a terceira dose. Diante da ômicron, suas sublinhagens e variantes, a dose de reforço é fundamental para evitar o risco de agravamento da doença.
Por dia, duas crianças menores de cinco anos morrem de covid-19 no Brasil
De acordo com levantamento feito pelo Observa Infância em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, Fiocruz, com base em dados do Ministério da Saúde revela que a covid-19 matou duas crianças menores de 5 anos por dia no Brasil. No Brasil, ainda não há vacinas autorizadas para esse público que, portanto, estão totalmente vulneráveis à doença.
Em 2020, 599 crianças nessa faixa etária faleceram pela doença. Em 2021, quando a letalidade da doença aumentou em toda a população, o número de vítimas infantis saltou para 840. Já Entre janeiro e 13 de junho de 2022, o país somou mais 291 óbitos entre os pequenos. Ao todo, são 1.730 crianças de até 5 anos morreram por covid-19.
A coordenadora do Observa Infância, Patricia Boccolini, destaca que bebês de 29 dias a um ano de vida são os mais vulneráveis a casos graves da doença. Assim, elas representam quase metade dos óbitos registrados na faixa etária até cinco anos. Nesse sentido, ela cobra urgência na aprovação das vacinas para os menores. “É preciso celeridade para levar a proteção das vacinas a bebês e crianças, especialmente de 6 meses a 3 anos. A cada dia que passamos sem vacina contra Covid-19 para menores de 5 anos, o Brasil perde duas crianças”, lamentou ela, em entrevista à Agência Fiocruz.