A Polícia Federal (PF) anunciou neste sábado (18) que o outro corpo encontrado nas matas do Vale do Javari, no Amazonas, é do indigenista Bruno Pereira. Na sexta-feira (17), o primeiro dia da perícia, já tinha sido confirmado que parte dos "remanescentes humanos" eram do jornalista britânico Dom Phillips. Para identificá-los, o Instituto Nacional de Criminalística fez as análises das arcadas dentárias.
Segundo a perícia, que está sendo feita em Brasília, ambos foram mortos com tiros de armas de caça. Bruno foi atingido por três balas: duas no abdômen e outra no rosto. Dom tomou um tiro, na região torácica.
Em nota, o Instituto Nacional de Criminalística afirmou que o trabalho dos peritos seguirá, nos próximos dias, focado nos exames de “Genética Forense, Antropologia Forense e métodos complementares de Medicina Legal, para identificação completa dos remanescentes e compreensão da dinâmica dos eventos".
Terceiro suspeito foi preso
A PF prendeu, neste sábado (18), o terceiro suspeito de participação nos assassinatos. Conhecido como Pelado da Dinha, Jefferson da Silva Lima estava foragido e se entregou na Delegacia de Polícia de Atalaia do Norte (AM), de acordo com a PF.
Além dele, já estavam presos os pescadores e irmãos Amarildo e Oseney Oliveira, apelidados, respectivamente, de Pelado e Dos Santos.
Ainda segundo a Polícia Federal, em depoimento colhido na terça-feira (14), Amarildo confessou ter participado do crime e, no dia seguinte, mostrou onde estavam enterrados os corpos esquartejados. Oseney nega envolvimento.
Indígenas contestam versão da PF de que não há mandantes
Em resposta a uma nota divulgada pela PF nesta sexta (17), dizendo que as investigações apontam que os executores agiram sozinhos, “não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”, a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) soltou um comunicado fazendo duras críticas a essa versão.
Os indígenas afirmam que a PF “desconsidera as informações qualificadas, oferecidas pela Univaja em inúmeros ofícios, desde o segundo semestre de 2021, que apontam a existência de um grupo criminoso organizado atuando em invasões constantes à Terra Indígena Vale do Javari, do qual 'Pelado' e 'Do Santo' fazem parte”.
A Univaja alerta que as autoridades estatais responsáveis pela proteção do território e dos povos indígenas que ali habitam seguem ignorando e minimizando as denúncias apresentadas, “mesmo após os assassinatos de nossos parceiros, Pereira e Phillips”.
"O requinte de crueldade utilizado na prática do crime evidencia que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa", apontam os indígenas.
Edição: Raquel Setz