Cerca de 100 integrantes da juventude do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) ocuparam a sede da multinacional Bayer, em Jacareí, interior paulista, nesta sexta-feira (10). O protesto chamou atenção para o uso desenfreado de agrotóxicos no Brasil.
Com faixas, cartazes e palavras de ordem, o grupo lembrou que a Bayer é uma das principais produtoras de agrotóxicos do mundo, e que exporta para o Brasil substâncias que são proibidas em outros países.
Os participantes do protesto lembraram que uma pessoa morre por envenenamento por agrotóxicos a cada dois dias no país. Também destacaram a tramitação no Congresso do Projeto de Lei 6299/2002, também chamado de "pacote do veneno", que conta com forte apoio do agronegócio.
"A medida traz duras alterações na atual lei, facilitando a venda e uso de substâncias altamente tóxicas para a vida humana e para a natureza", destacou o MST nas redes sociais.
— MST Oficial (@MST_Oficial) June 10, 2022
Os participantes do ato desta sexta realizaram um escracho, ateando fogo em pneus junto da logomarca da empresa na entrada da sede e pichando a fachada das instalações.
Em nota enviada à Band, a Bayer disse que está ciente "das preocupações dos manifestantes", mas está convencida de que "precisamos de sementes com tecnologia inovadora". A empresa afirmou, ainda, que está "aberta ao diálogo".
Bayer paga caro em lobby para liberar agrotóxicos
Reportagem do Brasil de Fato mostrou que a Bayer está entre as empresas que gastaram 2 milhões de euros (aproximadamente R$ 10,5 milhões, na cotação desta sexta, dia 10) em apoio a grupo que tentam influenciar decisões do poder público para liberação de mais agrotóxicos.
Os dados foram coletados pela organização ambiental Amigos da Terra, que revelou que grupos como o Instituto Pensar Agropecuária (IPA) recebem dinheiro para promover o uso de agrotóxicos e minimizar o papel do agronegócio no desmatamento do país.
Junto de empresas como BASF e Syngenta, a Bayer integra o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), que atua para tentar aprovar agrotóxicos considerados perigosos como o glifosato e o paraquat. Procurada na época da publicação do texto pela reportagem do Brasil de Fato, a empresa não se manifestou.
Edição: Nicolau Soares