A quarta onda da covid-19 já é uma realidade no Brasil. Em duas semanas – entre os dias 20 de maio e 02 de junho – o número de casos de covid no Brasil subiu 122%, indo de 14 mil para 31 mil casos confirmados da doença por dia, em média. Uma das causas desse crescimento é a chegada do frio no Sul e no Sudeste, justamente onde os números estão aumentando.
É neste cenário que estados e municípios estão recomendando o retorno do uso de máscaras em locais fechados, ainda que essa medida não tenha voltado a ser obrigatória.
No Rio, o prefeito Eduardo Paes recomendou na semana passada que pessoas com sintomas, idosos, pessoas com comorbidades e estudantes das redes pública e privada de ensino voltem a utilizar máscaras por conta da alta nos casos e também pelos surtos de gripe. Além disso, a prefeitura reativou os centros de testagem na cidade.
Vale lembrar que o Brasil, desde o início da pandemia vive um cenário de baixa testagem, o que significa subnotificação dos casos.
Em São Paulo, o comitê de saúde do governo do estado e a prefeitura da capital também estão recomendando o uso de máscaras em locais fechados, incluindo escolas. Para as pessoas que estão incluídas nos grupos de risco, a recomendação é que usem máscaras inclusive em locais abertos.
A medida não será obrigatória, segundo a Secretaria de Saúde estadual, mas os municípios podem lançar decretos tornando a recomendação uma obrigatoriedade. Na capital, a medida segue sendo obrigatória apenas em ambientes hospitalares e nos transportes coletivos como ônibus, trens e metrôs.
No Rio Grande do Sul, o governo também está sugerindo o uso de máscaras em locais fechados. Os comitês regionais devem avaliar e determinar as regras de uso.
Para o médico pediatra Alexandre Bublitz, países que realizaram a flexibilização do uso de máscaras e de outras medidas tiveram aumento de casos, sobretudo da variante ômicron.
"Quando a gente retira as medidas de segurança, a tendência do número de casos é aumentar. A covid obviamente está bem mais controlada. Nesse momento a pandemia está em um momento diferente do que a gente teve nos anos anteriores, mas ela não acabou ainda. Continuamos tendo alto número de casos no mundo todo e continuamos tendo óbitos todos os dias", comenta.
Ainda no mês passado, a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba voltou a recomendar o uso de máscaras em locais fechados ou abertos que tenham aglomerações de pessoas. A medida, que não é de caráter obrigatório, foi tomada depois de a capital registrar alta no número de novos casos e de casos ativos de covid-19 ao mesmo tempo em que o sistema de saúde enfrenta aumento nas demandas por atendimento de outras doenças respiratórias.
Eu ainda devo usar máscara? E qual a melhor?
Independentemente de normativas dos governos, os especialistas em covid-19 seguem recomendando o uso de máscaras e a vacinação como maneiras de proteção contra o vírus.
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, o uso de máscaras é fundamental para pessoas com sintomas de gripe e resfriado e pessoas que estão em contato com indivíduos com sintomas ou que testaram positivo.
Além disso, a entidade também recomenda o uso de máscaras para pessoas que ainda não tenham tomado a terceira dose da vacina, pessoas imunossuprimidas, gestantes e maiores de 60 anos.
Locais abertos e fechados que estejam tendo aglomeração de pessoas e ambientes de serviços de saúde, como clínicas, hospitais e unidades básicas de saúde são locais onde há maior chance de contato com o vírus.
As máscaras mais eficientes para a prevenção do contágio são as chamadas PFF2 ou N95. A eficácia de máscaras de tecido depende do material utilizado, do número de camadas de pano e do ajuste no rosto. Em geral, no entanto, possuem eficácia bem menor do que as PFF2. Máscaras cirúrgicas são opções melhores do que as feitas de pano, mas se o acesso a elas não for possível, é melhor usar uma de tecido do que não usar.
De acordo com um estudo alemão realizado pelo Instituto Max Planck, mesmo que todos a sua volta estejam sem máscaras, se você estiver utilizando a máscara correta bem ajustada ao rosto, cobrindo nariz e boca, a eficácia está garantida.
Vacinação é fundamental para proteção
Depois de um início promissor, a vacinação contra a covid-19 está estagnada no Brasil. Isso faz com que o vírus tenha mais facilidade para circular, já que os imunizantes atuam também para reduzir o contágio. Por isso, é preciso completar o esquema de vacinação.
A quarta dose começou a ser aplicada na última segunda-feira (6) e está disponível em todo o país para pessoas acima de 50 anos, profissionais da saúde e pessoas imunossuprimidas. Só em São Paulo capital, mais de 1 milhão e meio de pessoas são aguardadas pelo SUS para tomarem a nova dose da vacina.
Se você está nesse grupo, procure o posto de vacinação mais próximo para reforçar a imunização. Não esqueça de levar um documento com foto e seu cartão de vacinação.
Edição: Thalita Pires