Tensão global

Com Biden em Tóquio, China e Rússia fazem exercício militar perto do Japão

Aviões russos e chineses com capacidade nuclear sobrevoaram a região e Coreia do Sul mobiliza caças

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Biden e o primeiro ministro do Japão, Fumio Kishida - Casa Branca

Aviões militares de China e Rússia entraram na zona de identificação de defesa aérea da Coreia do Sul, informou Seul nesta terça-feira (24). A incursão nas proximidades do mar do Japão ocorre enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realiza um tour pelo leste asiático e se reúne com líderes do Diálogo de Segurança Quadrilateral, conhecido como Quad (Estados Unidos, Austrália, Índia e Japão), em Tóquio.

De acordo com a Coreia do Sul, dois bombardeiros chineses H-6 e quatro aeronaves russas, incluindo dois bombardeiros Tu-95, participaram da incursão. Tanto o H-6 quanto o Tu-95 são capazes de transportar armamento nuclear.

"Nossos militares mobilizaram caças da Força Aérea para conduzir etapas táticas em preparação contra possíveis situações acidentais", afirmou o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul em comunicado obtido pela agência da notícias Yonhap.

Os russos confirmaram o episódio. A aeronave operou de acordo com a lei internacional, sem violar o espaço aéreo de outros países, disse o Ministério da Defesa russo. Em alguns estágios, os caças estratégicos foram acompanhados por caças F-2 sul-coreanos e F-15 japoneses, confirmou Moscou.

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Em nota publicada pela agência de notícias russa RIA Novosti, o Ministério da Defesa da Rússia afirmou que realizou com os chineses "patrulhas aéreas sobre as águas dos mares do Japão e da China Oriental".

Em comunicado conjunto após a última reunião, o Quad destacou planos de cooperação nas áreas de saúde, clima, cibersegurança e de manutenção da liberdade de navegação e de sobrevoo no mar do sul da China.

Os chineses são críticos da iniciativa e o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, já afirmou que os Estados Unidos buscam estabelecer uma versão Indo-Pacífica da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para manter sua hegemonia.

Escalada EUA-China?

Este não é o primeiro atrito dos últimos dias. Na segunda-feira, Biden prometeu defender militarmente Taiwan no caso de um ataque chinês. A ilha afirma ser um país independente, enquanto Pequim diz que o território é uma província rebelde que na verdade faz parte de seu território. O presidente chinês, Xi Jinping, já afirmou que apoiar a independência de Taiwan é "brincar com o fogo".

Biden encerra nesta terça-feira seu tour asiático. O presidente dos Estados Unidos esteve na Coreia do Sul  onde visitou a Samsung, importante fabricante de semicondutores, mas inferior tecnologicamente na comparação com a taiwanesa TSMC — e também no Japão. Esta foi a primeira vez de Biden na região como presidente dos EUA.

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A Casa Branca também aproveitou a oportunidade para começar as negociações para a formação de um bloco comercial com os países da região, o Quadro Econômico Indo-Pacífico (IPEF, na sigla em inglês). Integram as conversas para integrar o bloco, além dos EUA, os seguintes países: Austrália, Brunei, Índia, Indonésia, Japão, Coreia do Sul, Malásia, Nova Zelândia, Filipinas, Cingapura, Tailândia e Vietnã.

O porta-voz do ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, afirmou que os Estados Unidos devem parar de apoiar o separatismo de Taiwan e disse que Pequim "expressa forte insatisfação e firme oposição às observações do lado dos EUA".

"A China tomará medidas firmes para salvaguardar sua soberania e interesses de segurança", destacou Wang.

Edição: Arturo Hartmann