O futuro de Julian Assange será definido pela "vontade política" das autoridades do Reino Unido, afirmou a esposa do fundador do WikiLeaks, Stella Assange, em ato em Londres na terça-feira (17). Após uma série de derrotas judiciais, a decisão sobre a extradição do jornalista para os Estados Unidos está nas mãos da Ministra do Interior do Reino Unido, Priti Patel.
A defesa tinha até esta quarta-feira (18) para apresentar seus argumentos e então Patel decidirá sobre o futuro do jornalista que liderou o esforço que revelou o assassinato de civis pelos militares dos Estados Unidos no Iraque e Afeganistão.
"Eles devem bloquear essa extradição. É um caso político e tem uma solução política, que é acabar com isso agora. Julian não fez nada de errado, ele foi colocado em uma prisão britânica, o Reino Unido está prendendo um jornalista", disse Stella.
A advogada ainda destacou que ao mesmo tempo que o Reino Unido pede informações sobre crimes de guerra na Ucrânia, prende Assange por revelar crimes de guerra dos Estados Unidos. Ela classificou a situação de Assange como o "caso de liberdade de imprensa do século".
Utilizando uma lei contra a espionagem da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos pedem a extradição de Assange em um processo que começou com o presidente Donald Trump e continua com o democrata Joe Biden na Casa Branca. Se condenado, o jornalista pode receber uma pena de mais de um século atrás das grades.
Anistia internacional critica EUA
A Anistia Internacional afirma que a possível extradição de Assange seria "devastadora" para a liberdade de imprensa e o público. Em nota de fim de abril, a organização de direitos humanos diz que as garantias oferecidas pelas autoridades estadunidenses para garantir a extradição do australiano Assange são falhas e podem ser revertidas a qualquer momento.
"Se o governo do Reino Unido permitir que um país estrangeiro exerça jurisdição criminal extraterritorial para processar uma pessoa que publica no Reino Unido, outros governos podem usar o mesmo aparato legal para prender jornalistas e silenciar a imprensa muito além das fronteiras de seus próprios países", diz a Anistia Internacional em nota.
A perseguição contra o jornalista do WikiLeaks é analisada e dissecada no livro "Assange: La Verdad Confiscada", organizada por Carol Proner e Pablo Gentili. Na obra, é destacada uma citação do teórico Franz Himkelammert: "Os direitos humanos se transformaram em uma agressividade humanitária: violar os direitos humanos de quem os viola. Por trás disso há outra convicção segundo a qual quem viola os direitos humanos não tem direitos humanos. O violador de direitos humanos é transformado em um monstro, uma fera que pode ser eliminada sem a menor questão dos direitos humanos. Perde até o caráter de ser humano."
Edição: Arturo Hartmann