O Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou, neste sábado(07), a pré-candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência da república. Esta será a sexta vez que o ex-metalúrgico disputará o cargo. Lula terá como candidato a vice-presidente o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), uma aliança inédita que ganhou um título bem-humorado no encontro: "Lula com Chuchu".
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Adversários em outros momentos da história política do país, tanto Lula como Alckmin citaram o educador Paulo Freire, que dizia que "é preciso unir os divergentes, para melhor enfrentar os antagônicos".
"Queremos unir os democratas de todas as origens e matizes, das mais variadas trajetórias políticas, de todas as classes sociais e de todos os credos religiosos. O grave momento que o país atravessa, um dos mais graves da nossa história, nos obriga a superar eventuais divergências para construirmos juntos uma via alternativa à incompetência e ao autoritarismo que nos governam", afirmou o ex-presidente.
A pré-candidatura foi oficializada durante o ato Vamos Juntos pelo Brasil, no Expo Center Norte, na Zona Oeste de São Paulo. Apenas Lula, Alckmin e Rosângela da Silva (Janja) discursaram. Mas contou com a presença de diferentes lideranças dos movimentos populares, personalidades, parlamentares e partidos políticos apoiadores da chapa do pré-candidato, incluindo PCdoB, PSB, Solidariedade, PSOL, PV e Rede.
Lula desponta como favorito nas pesquisas de intenção de voto e pode retornar ao Palácio do Planalto vinte anos depois da primeira vez em que foi eleito.
A fala, concentrada no tema da defesa da soberania nacional e da reconstrução da democracia do país, costurou um comparativo entre as conquistas dos anos em que o PT esteve no governo com o que tem sido "desconstruído", como definiu Lula, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL). Também falou em sonhos e esperança de mudar o país.
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"Nós temos um sonho. E não há força maior que a esperança de um povo que sabe que pode voltar a ser feliz. Que pode voltar a comer bem, ter um bom emprego, salário digno e direitos. Que pode melhorar de vida e ver os filhos crescendo com saúde."
Tópicos como defesa das estatais, articulação com a América Latina e defesa dos bancos públicos tiveram destaque ao lado de assuntos como o apoio a resistência dos povos indígenas, a denúncia do extermínio da juventude negra, a defesa do meio ambiente, da cultura e das leis trabalhistas.
Ao defender o legado de sua passagem pela presidência, Lula lançou uma questão para um auditório lotado de militantes vindos de diversas regiões do país: "o Brasil terá a oportunidade de decidir que país vai ser pelos próximos anos, e próximas gerações. O Brasil da democracia ou do autoritarismo? Do conhecimento e tolerância ou do obscurantismo e da violência? Da educação e cultura ou dos revólveres e fuzis?".
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Em outro momento, Lula criticou a postura do atual presidente da república com as mais de 600 mil vítimas fatais da pandemia e com as instituições. "Chega de ameaças, chega de suspeições absurdas, de chantagens verbais, tensões artificiais. O país precisa de calma e tranquilidade para trabalhar e vencer as dificuldades atuais. E decidirá livremente, no momento que a lei determina, quem deve governá-lo".
O discurso também teve espaço para críticas à condução da pandemia e a situação do Ministério da Saúde pontuando, sobretudo, o "falso cristianismo" de Bolsonaro que, para o ex-presidente, "não ama o próximo". Além disso, Lula criticou os rumos do Ministério da Educação, que esteve no foco de denúncias de corrupção nos últimos meses.
"Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação. Saltaram de R$ 49 bilhões em 2002 para R$ 151 bilhões em 2015. Mas o atual governo vem reduzindo a cada ano. O resultado é que o orçamento do MEC para 2022 é o menor dos últimos dez anos."
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Lula também fez referência aos episódios de violência e ataques bolsonaristas. "Não vamos ter medo de provocação, ter medo de fake news. Nós vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorrisos, amor e carinho", afirmou o ex-presidente, que teve o carro cercado por meliantes bolsonaristas e manifestantes de extrema direita, ao sair de um condomínio em Campinas (SP) na última quinta-feira (5).
O agora oficial pré-candidato a presidente da república pelo PT concluiu o discurso relembrando que os governos petistas fizeram uma revolução pacífica no país e conclamou a população a reencontrar este caminho.
"Mais do que um ato político, essa é uma conclamação. Aos homens e mulheres de todas as gerações, todas as classes, religiões, raças e regiões do país. Para reconquistar a democracia e recuperar a soberania."
Aliança com Alckmin
O ato também formalizou a indicação do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSB), para compor a chapa como candidato a vice-presidente. Com covid-19, Alckmin não participou presencialmente do evento e entrou ao vivo, por vídeo-chamada. No seu discurso, classificou esta aliança como "um chamado à razão".
O ex-governador definiu o atual momento como uma grande oportunidade do Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento econômico, da preservação do meio ambiente e da justiça social. Por fim, respondeu às críticas que recebeu por esta aliança com bom-humor: "o prato da moda agora será Lula com Chuchu".
Por sua vez, Lula também ressaltou que esta eleição exigirá uma aliança muito ampla com diversos espectros políticos. "Alckmin foi governador quando eu era presidente. Fomos adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia".
Chapa ampliada
No palco estavam presentes os dirigentes partidários, governadores, ex-governadores e parlamentares das siglas que fecharam apoio à candidatura de Lula, como PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade e PSOL. A ex-presidenta Dilma Rousseff também esteve no ato, a quem Lula se dirigiu fazendo um agradecimento e enaltecendo a grandeza política da aliada.
Lideranças das Centrais Sindicais, movimentos populares, intelectuais e artistas também manifestaram apoio ao projeto Vamos juntos pelo Brasil. Pelos estados, os Comitês Populares de Luta, sedes dos partidos e dos movimentos populares organizaram atividades para acompanhar a transmissão do ato de lançamento da pré-candidatura.
Confira a cobertura do Brasil de Fato:
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Edição: Marina Duarte de Souza