O pré-candidato à Presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva defendeu investimentos, ampliação e garantia de acesso para a educação no Brasil. Ele ministrou uma aula magna na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) nesta quinta-feira (5).
Para uma plateia de milhares de pessoas, formada em boa parte por jovens, Lula criticou o desmonte que o ensino sofre no país nos últimos anos e defendeu programas sociais criados nos governos petistas para democratizar o setor.
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“Não imaginava que, depois de ter deixado a presidência, nós fossemos estar - no ano em que o Brasil completa 200 anos de independência - pior do que estávamos em 2003, quando assumi a presidência. O que aconteceu no Brasil é a demonstração de que destruir é mais fácil que construir. Tentar construir políticas públicas é uma luta, mas acabar com elas é apenas um decreto."
Lula fez duras críticas à gestão do presidente Jair Bolsonaro. “Uma pessoa que sequer se prestou a acreditar na ciência quando a pandemia chegou no Brasil. Seria tão mais fácil se a gente tivesse alguém com mais humanidade”, lamentou.
A necessidade de investimentos públicos na educação foi o tema chave do evento. “Não queremos tirar o lugar de ninguém, queremos ter igualdade de oportunidade. E isso só quem pode garantir é o estado. O mercado não vai resolver o problema da sociedade, o mercado pode resolver o problema daquele que pode pagar”, disse o pré-candidato.
Ele foi taxativo na defesa de qualificação para gestão das universidade e criticou a politização das escolhas de quem está à frente das instituições, “não quero ter amigo reitor, quero ter reitor competente e capaz.”
Investimentos Públicos
O pré-candidato salientou que os investimentos em educação são primordiais para o desenvolvimento de qualquer nação. Ele citou a importância de políticas públicas que garantam acesso para todos os extratos da sociedade e a inclusão de grupos historicamente deixados de fora do processo educacional.
“Educação é o investimento mais barato que um país pode fazer. Custa menos investir em educação do que emprestar dinheiro para empresas em que a quantidade de empregos que geram não justifica o dinheiro.”
Na aula magna Lula defendeu ações de financiamento para estudantes acessarem universidades, políticas de cotas, fortalecimento da pesquisa e criação de mais instituições.
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“Tenho orgulho de olhar na cara de vocês e dizer que um torneiro mecânico, sem diploma universitário, é o presidente que mais fez universidade na história desse país. Tenho orgulho de dizer que a presidenta Dilma Rousseff (PT), que foi presa política e quase morreu na cadeia, criou o Ciência sem Fronteiras. Foi o governo dessa mulher que se criou o Pronatec e se colocou milhões de meninos e meninas para estudar uma profissão.”
Diversidade
Lula estava acompanhado por Fernando Haddad (PT), pré-candidato ao governo de São Paulo. Ex-ministro da educação da gestão do petista, ele fez um discurso emocionado e que celebrou a diversidade encontrada na plateia de estudantes.
“As universidades brasileiras foram fundadas agora, com você dentro, Porque enquanto vocês estavam fora, não era universidade. Até outro dia, a universidade brasileira era o povo pobre pagando imposto para o rico estudar de graça. Só tinha classe média alta e classe rica na universidade. Só tinha branco. Não tinha o Brasil.”
Fernando Haddad defendeu ainda a participação popular na produção de conhecimento e de políticas no Brasil. “Não existe como ter um projeto nacional se o povo não estiver na universidade. Programas de governo feitos em laboratórios, feitos em gabinetes, dali não sai país, dali sai projeto para a elite.”
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Antes da participação de Lula, o evento contou com a presença de artistas, ativistas, militantes e lideranças partidárias. No mesmo dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anunciou a emissão de 2 milhões de títulos eleitorais para a população de 16 a 18 anos de idade, o movimento pelo voto da juventude deu tom à programação.
Na pauta de debates levada ao anfiteatro pela juventude, o ponto central foi a retomada de uma agenda progressista e social para o Brasil. Entres os temas defendidos estavam a revogação da reforma trabalhista, ampliação do acesso a ensino público e de qualidade, reforma agrária, políticas contra a fome e desigualdade e medidas para combater o racismo, o genocídio indígena e a violência contra a população LGBTQIA+.
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Lula ouviu as demandas dos estudantes e reforçou a importância das temáticas levantadas, todas citadas durante a exposição feita pelo ex-presidente. Ao fim do evento, bem humorado, pediu desculpas pelo atraso e disse que estava com a garganta em más condições.
“Não vou falar palavrão, porque o Bolsonaro coloca nas fake news dele. Essa semana eu matei eles de raiva porque saí na capa da revista Time”, disse brincalhão. Na plateia, a resposta foi muito além das gargalhadas e o ex-presidente saiu ovacionado da Unicamp.
Edição: Rodrigo Chagas