O Solidariedade é mais um partido a formalizar apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido confirmou a aliança nesta terça-feira (3), em evento em São Paulo. O tom das declarações de Lula e do presidente do partido, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, foi de superação das divergências políticas com o objetivo de Jair Bolsonaro (PL) no pleito de outubro.
Paulinho afirmou que a candidatura de Lula “pode ser maior que o Solidariedade, o PT e os partidos, pode ser uma aliança do Brasil”. “Nós temos perdido tempo com algumas coisas, uma vaia ali, uma internacional aqui, a reforma trabalhista. Esqueça esse negócio de reforma trabalhista. A gente ganha a eleição e resolve isso em dois meses dentro do Congresso Nacional”.
Vaias estão superadas
O presidente do Solidariedade havia colocado em dúvida a aproximação depois de ter sido vaiado por militantes do Partido dos Trabalhadores, durante um evento com centrais sindicais. As vaias não foram à toa nem novidade. Durante o processo de impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff, Paulinho da Força votou a favor da destituição da petista. Na ocasião, sindicalistas também o vaiaram.
Antes mesmo de a aliança ser oficializada nesta segunda-feira, entretanto, Paulinho da Força disse que Lula garantiu ao deputado que não será mais atacado pela militância. O pacto foi reforçado com o evento de hoje, cercado por sindicalistas.
O deputado disse ainda que, ao contrário do que alguns podem pensar, “a eleição não está ganha”. “A direita do mundo se organizou melhor aqui. Nós vamos enfrentar uma guerra da direita do mundo que vai estar aqui jogando contra nós, com fake news de todos os lados”, disse.
Pedido de união
Lula agradeceu a Paulinho da Força pelo apoio e disse que está ciente de que o “jogo é pesado”. O petista aproveitou o momento e pediu a união de forças para “eleger uma maioria de deputados que estão comprometidos com os discursos” da aliança, para que, se eleito, consiga governar e aprovar suas propostas. “Se eu chegar em qualquer lugar, tem que ter uma lista de deputados e senadores nossos. É desse jeito que a gente tem que lutar se quiser mudar esse país. Vocês sabem que o jogo é pesado”, disse o ex-presidente.
Em seguida, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) também agradeceu. O pré-candidato à vice-Presidência ainda elogiou o presidente do partido ao dizer que Paulinho da Força “sempre lutou pelos trabalhadores, pelo SUS. Conte conosco, Paulinho. Com Lula, com Solidariedade, viva o Brasil”.
Também esteve presente o vice-presidente da Câmara dos Deputados Marcelo Ramos (PSD-AM). “Ainda que eu possa discordar em muitas questões do presidente Lula, o que está em disputa nessa eleição é o direito de continuar discordando. Eu não tenho dúvida do compromisso de Lula com a democracia, que está escrito na sua história de vida. Ele foi preso por um áudio captado e vazado ilegalmente e ainda assim não desacreditou da democracia”, disse Ramos.
Na mesma linha, a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade-PE), que sentou ao lado de Alckmin, disse que Lula “representa um projeto de sociedade em que as eleições são menos desiguais, que o Nordeste não fica se alimentando apenas das migalhas que caem do Sul e do Sudeste. Esse nosso compromisso não é somente dessa eleição em que a democracia está ameaçada. Desde meu primeiro voto eu apoio o presidente Lula”.
Marília, que é pré-candidata ao governo de Pernambuco, também cobrou uma “política social de distribuição de renda e inclusão produtiva” a nível nacional, como o Programa Chapéu de Palha, que foi criado em 1988 em Pernambuco pelo então governador, o avô dela, Miguel Arraes. “Quero sugerir que a gente comece a trabalhar o Chapéu de Palha do Brasil, trabalhadores safristas, do campo e incluir as pessoas da cidade que precisam gerar renda e ter um emprego.”
O senador Randolfe Rodrigues (AP), da Rede Sustentabilidade, que oficializou o apoio a Lula na última quinta-feira (28), disse que o evento representa “o que o Brasil quer”. O parlamentar afirmou ainda que o pleito presidencial deste ano não é uma “eleição”, mas “o destino de uma geração”. “A chapa Lula e Alckmin é a frente ampla que vai banir o fascismo do Brasil”, disse.
Estiveram presentes, ainda, o senador Omar Aziz (PSD-AM), o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP) e a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Edição: Felipe Mendes