O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, e a ministra da Defesa do país, Margarita Robles, tiveram seus celulares espionados com o programa israelense Pegasus, afirmou o ministro da Presidência, Félix Bolaños, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (2). Em tese, o Pegasus só é vendido para governos e agências oficiais.
“As intervenções foram ilícitas e externas. Meios externos realizados por órgãos não oficiais e sem autorização do Estado”, disse Bolaños, que anunciou a comunicação do caso ao Ministério de Justiça.
Segundo o jornal El Pais, uma quantidade considerável de dados do celular do premiê foi copiada: 2,6 gigabytes em uma primeira ocasião e 130 megabytes em uma segunda. Do celular da ministra da Defesa, foram extraídos 9 megas. As invasões aconteceram em maio e junho de 2021, afirma o governo.
Antes desta mais nova denúncia, o Pegasus já estava no noticiário político da Espanha. De acordo com levantamento da ONG Citzen Lab, o programa foi usado pelo governo espanhol para espionar mais de 60 pessoas ligadas ao movimento separatista da Catalunha.
O presidente regional da Catalunha, Pere Aragones, afirmou em seu Twitter que "toda espionagem política é muito séria", mas destacou que quando esta espionagem tem como alvo o movimento independentista, "só escutamos silêncio e desculpas".
Criado pela empresa israelense NSO Group, o Pegasus já foi usado para espionar ativistas de direitos humanos ao redor do mundo. A companhia diz que o software é usado para investigar terroristas e criminosos.
Ao contrário de outros programas de espionagem, o Pegasus pode extrair dados de celulares e ativar remotamente a câmera e o microfone do aparelho sem que o usuário acesse nenhum link suspeito ou abra um arquivo infectado.
Edição: Arturo Hartmann