62 DIAS DE GUERRA

Chefe da ONU viaja a Moscou pedindo paz, enquanto 43 países discutem envio de armas a Kiev

António Guterres se reuniu com chanceler russo e pretende dialogar com Putin e Zelensky

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Guterres e Lavrov se reuniram em Moscou, nesta terça-feira (26), para discutir proposta de grupo de contato entre Rússia e Ucrânia, mediado pela ONU - Maxim Shipenkov /AFP

Após dois meses de guerra, o conflito entre Rússia e Ucrânia continua sem um caminho de resolução clara. Nesta terça-feira (26), o secretário geral das Nações Unidas, António Guterres reuniu-se com o chanceler russo Sergei Lavrov, em Moscou, para pedir o cessar-fogo imediato. Ainda nesta terça, Guterres deve encontrar-se com o presidente Vladimir Putin.

"Meu objetivo e minha agenda são salvar e reduzir o sofrimento" afirmou Guterres, que se autointitulou como "mensageiro da paz".

O chefe das Nações Unidas propôs a criação de um grupo de contato entre Rússia e Ucrânia que seria mediado por especialistas da própria ONU. De maneira imediata, Guterres afirma que é necessário garantir a abertura e permanência dos corredores humanitários com cessar-fogo locais. 

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Em resposta, o chanceler Sergei Lavrov disse que o governo russo está disposto a dialogar com representantes de Kiev e que esperam há dez dias uma resposta da parte ucraniana sobre as exigências russas para o fim da guerra. 

O funcionário russo ainda disse que se o Ocidente continuar enviando armas para a Ucrânia "é pouco provável que as negociações tenham algum resultado, mas estamos comprometidos com uma solução negociada e cessar-fogo", afirmou Lavrov.


Cidade portuária de Mariupol foi o principal cenário da guerra entre Rússia e Ucrânia no último mês / AFP

Paralelamente à reunião na Rússia, representantes de 43 países, incluindo membros da Otan e outras 14 nações, reúnem-se em Ramstein, na Alemanha, para debater sua participação na guerra em apoio ao lado ucraniano.

O encontro foi coordenado pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin. "Sabemos e vocês deveriam saber que nós lhes apoiamos e por isso estamos aqui hoje para reforçar o arsenal da democracia ucraniana", declarou.

A Alemanha confirmou o envio de 50 tanques de defesa antiaérea Gepard, enquanto a Casa Branca aprovou, na última semana, um novo pacote de ajuda militar de US$ 800 milhões à Ucrânia, enquanto a UE já enviou cerca de 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$7,5 bilhões) em armamentos a Kiev.

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A presidenta da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, reuniu-se, na última segunda-feira (25), com o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para convencê-lo a adotar sanções contra a Rússia a fim de pressionar pelo fim da guerra.

"Desenhamos sanções que se mantenham durante um tempo prolongado e instamos a comunidade internacional a apoiar nossos esforços por uma paz duradoura", afirmou.

Ao criticar a "parceria sem limites" entre Rússia e China, sugerindo impactos para o continente asiático, Ursula Von Der Leyen também propôs a criação de um comitê tecnológico entre a União Europeia e a Índia para "regulação e proteção de dados, redes sociais e aumento da digitalização, para diminuir a dependência indiana da Rússia".

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Já em Moscou, ao final do encontro com Guterres, o ministro russo voltou a afirmar que a expansão da Otan teria sido o estopim para o conflito armado da Rússia com a Ucrânia. 

"A Ucrânia foi usada como um trampolim para conter a Rússia. Essa situação não começou ontem, nem hoje. É necessário analisá-la no seu contexto, com circunstâncias que as vezes são contrários à carta da ONU. Chegou o momento da humanidade decidir se vai viver de acordo com a carta da ONU", declarou Sergei Lavrov. 

Edição: Arturo Hartmann