Indício de corrupção

Governo Bolsonaro coloca sigilo em reuniões com pastores interessados em esquema no MEC

Informações sobre encontros de Bolsonaro com os pastores poria em risco a vida do presidente e de seus familiares

|
O presidente Jair Bolsonaro em reunião com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura - Carolina Antunes/Presidência

O governo de Jair Bolsonaro impôs sigilo em informações relativas aos encontros do presidente com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Ambos são investigados pela Polícia Federal após denúncias de operarem esquema de cobrança de propinas no Ministério da Educação. Inclusive com pedido de barras de ouro para ajudar na liberação de recursos da pasta.

Segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (13) pelo jornal O Globo, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chefiado pelo ministro Augusto Heleno, se manifestou de maneira contrária ao fornecimento de informações via Lei de Acesso a Informação. O GSI alegou que a informação solicitada “poderia colocar em risco a vida do presidente da República e de seus familiares”.

Leia também: Muito além do Viagra: uso de recursos do SUS pelos militares disparou com Bolsonaro

O veículo quis aprofundar informações sobre a frequência de visitas a Bolsonaro dos religiosos que agiam no MEC. Mas a agenda presidencial divulgada omite informações e detalhes. Por exemplo, Bolsonaro se encontrou hoje com representantes da Assembleia de Deus em café da manhã. Mas a reunião não estava prevista em sua agenda oficial, segundo o portal Metrópoles. Participaram ainda ministros e parlamentares evangélicos, além da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e da ex-ministra e pastora Damares Alves.

Bancada da Bíblia

O Globo já havia apurado que os pastores tinham acesso também ao Congresso. Nos últimos quatro anos, Arilton Moura esteve pelo menos 90 vezes na Câmara, visitando gabinetes de 10 diferentes parlamentares, de diferentes partidos. Entre eles, Eduardo Bolsonaro.

Saiba mais: Nova pesquisa PoderData: Lula tem 40% e Bolsonaro 35%

Conforme registros de visitantes da Câmara, em 16 de outubro de 2019, Moura informou que iria ao gabinete 350 no Anexo IV, ocupado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Dois dias depois, o pastor acompanhou o seu colega Gilmar Santos em um encontro com o presidente no Palácio do Planalto.