Relatório produzido pela Polícia Federal e enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta sexta-feira (8) concluiu que o ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL), Ciro Nogueira (PP-PI), cometeu crime de corrupção.
Segundo o documento, ele havia recebido propina do grupo J&F, o que configura corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A defesa de Nogueira, no entanto, nega que haja qualquer irregularidade.
De acordo com as investigações da Polícia Federal, Ciro Nogueira recebeu dinheiro ilícito de Joesley Batista, do grupo J&F, para garantir o apoio do Partido Progressistas à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2014. Também fazia parte da negociação a interferência de Nogueira na decisão do partido de deixar de apoiar o governo, naquela época. A intenção era atrasar o desembarque do PP da base da ex-presidente. A investigação da PF começou em 2018.
Agora, o STF deve encaminhar o relatório para a Procuradoria-Geral da República, a quem cabe decidir se abre um processo contra o ministro, se arquiva o caso ou se solicita novas investigações.
Em defesa, Ciro Nogueira afirma, por meio da assessoria jurídica, que "estranha o relatório da Polícia Federal, pois a a conclusão é totalmente baseada somente em delações que não são corroboradas com nenhuma prova externa". Em nota, o advogado do ministro, Antônio Carlos de Almeida Castro, informou: "continuamos á disposição do Poder Judiciário com plena convicção de que a verdade prevalecerá. O império das delações falsas e dirigidas não se sustenta".
A PF rebateu esta declaração da defesa do ministro e disse que, além das delações, também foram colhidas provas que vão além dos relatos. O documento traz, por exemplo, transcrições de conversas entre Nogueira e Batista e dados de movimentações financeiras.
Ciro Nogueira foi nomeado ministro da Casa Civil do governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2021. Ele é o principal articulador entre o governo e os partidos do Centrão no Congresso.
Edição: Raquel Setz