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Metade das gestações registradas anualmente no mundo são indesejadas, diz agência da ONU

Desigualdade social, pobreza e violência sexual seriam principais causas para cifra

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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"A maternidade será desejada ou não será", diz cartaz em protesto pelo direito ao aborto no Equador - Cristina Vega Rhor / AFP

O Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA, na sigla em inglês) publicou o Estudo da População Mundial de 2022, nesta quarta-feira (30) apontando que cerca de metade das gestações registradas anualmente são indesejadas. A estimativa é que aconteçam 121 milhões de gravidez involuntárias em todo o planeta todos os anos, uma média de 331 mil por dia, e 60% desse total terminam em abortos.

A agência da ONU considera que a gravidez não planejada na adolescência está associada a desigualdades mais amplas que afetam principalmente as mulheres dos estratos sociais mais vulneráveis.

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As principais causas das gestações acidentais seriam a dificuldade de acesso à educação sexual e reprodutiva, falta de métodos anticonceptivos, aspectos diretamente ligados à violência sexual e pobreza.

A pandemia agravou a situação. No primeiro ano de emergência sanitária global, o Fundo de População das Nações Unidas estima que aconteceram 1,4 milhão de gestações indesejadas por conta da interrupção de serviços gratuitos de distribuição de medicamentos e outros métodos anticonceptivos.

“Para as mulheres afetadas, a decisão reprodutiva mais importante, engravidar ou não, não é uma escolha”, afirmou em coletiva de imprensa, a diretora executiva do UNFPA, Natalia Kanem.

No Brasil, 20% das mães têm menos de 20 anos. Dessas, 40% abandonam a escola para abraçar a maternidade.

Ainda segundo as estimativas da ONU, cerca de 257 milhões em todo o globo não querem engravidar, mas não têm acesso a método anticonceptivos. Até 25% afirmam que não podem negar ter relações sexuais.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 19 milhões de abortos clandestinos são realizados anualmente e 7 milhões de mulheres são hospitalizadas, o que reflete um gasto estimado em US$ 533 milhões em tratamentos posteriores ao aborto. Entre 5 e 13% das mortes de mulheres acontecem em decorrência de procedimentos clandestinos. 

Edição: Thales Schmidt