10 de abril

Mélenchon sobe 5 pontos em 3 meses e vira aposta presidencial da esquerda francesa

Com um cenário político cada vez mais radical de direita, criou-se uma corrente no país pelo voto útil

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Esta não é a primeira vez em que Mélenchon disputa a presidência da França
Esta não é a primeira vez em que Mélenchon disputa a presidência da França - Reprodução

E se Jean-Luc Mélenchon fosse a grande surpresa das eleições presidenciais em 10 de abril? Esta é a aposta da esquerda na França, e que se viu reforçada pela última sondagem da Ifop, na qual Mélenchon aparece em terceiro lugar, com 14% das intenções de voto. O antigo ministro socialista e fundador do partido La France Insoumise (A França Insubmissa) aparece, assim, à frente do líder de extrema direita Éric Zemmour (12,5%) e se aproxima da também ultradireitista Marine Le Pen (18,5%), a segunda colocada. O atual presidente, o liberal Emmanuel Macron, lidera a lista com ampla vantagem (28%). 

Como é que o líder esquerdista conseguiu subir quase cinco pontos percentuais em três meses? A primeira explicação se encontra em um princípio de ‘desfragmentação’ da esquerda. Em dezembro, havia oito candidatos neste campo. Em março, quando foram validadas as candidaturas, ficaram seis nomes. Parte importante do eleitorado então disperso nas chapas que não vingaram se concentrou em Mélenchon.

Mas não é apenas a esquerda que está dividida. Na extrema direita, Zemmour, pela primeira vez candidato, despedaçou parte do eleitorado de Le Pen. O ex-colunista do jornal Le Figaro é conhecido por suas declarações de incitação ao ódio racial, e pautou grande parte do debate político. Seus elogios ao presidente Vladimir Putin, contudo, acabariam lhe custando votos após a eclosão da guerra contra a Ucrânia.

Face a um cenário político cada vez mais radical de direita, criou-se uma corrente no país pelo voto útil na France Insoumise. Até Segolène Royal, voz importante do Partido Socialista e ex-candidata em 2007, pediu o voto para Mélenchon, deixando a candidata de seu próprio partido, a atual prefeita de Paris, Anne Hidalgo (2%), com menos apoio. 

Esta não é a primeira vez em que Mélenchon disputa a presidência da França. Em todas vezes, cresceu nas pesquisas na reta final, mas os resultados foram frustrantes. Em 2012, por exemplo, o candidato também chegou aos 14% de intenções de voto, mas ficou em quarto lugar e fora do segundo turno contra Le Pen e François Hollande, que terminou vencedor. Em 2017, movimento semelhante aconteceu, e o esquerdista chegou a marcar 18% de intenções de voto em algumas pesquisas. Terminou o primeiro turno novamente em quarto lugar, com 19,58%, atrás de Le Pen, Macron e do direitista François Fillon.