Com protocolo de chefe de Estado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido, na manhã desta quarta-feira (17), pelo presidente da França, Emannuel Macron, no Palácio do Eliseu, em Paris. O encontro foi fechado e a pauta da reunião não foi divulgada para a imprensa.
É possível imaginar que Lula -- que lidera as pesquisas de intenção de votos para as eleições de 2022 - dialogue com Macron sobre a conturbada relação entre França e Brasil durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que se tornou desafeto do presidente francês.
Macron não esconde a antipatia que nutre por Bolsonaro e tem utilizado o presidente para mostrar aos franceses que seu governo tem uma preocupação ambiental, colocando o brasileiro como exemplo de descompromisso com o meio ambiente.
O ponto alto da tensão entre os dois países, foi quando o presidente brasileiro marcou uma audiência com Jean-Yves Le Drian, ministro de Relações Exteriores da França, em julho de 2019, e cancelou a reunião para fazer uma live, em suas redes sociais, cortando o cabelo.
O desrespeito de Bolsonaro com o ministro francês não ficou barato. Em agosto de 2019, um mês depois, Macron convidou o Chile para que fosse o representante sul-americano no encontro do G7, realizado na França.
Durante o encontro, o presidente chileno Sebastián Piñera foi flagrado criticando Bolsonaro em um bate-papo com Macron. Um dia antes, o presidente brasileiro havia zombado da aparência da primeira-dama francesa, Brigitte Macron, ao responder o comentário de um seguidor na internet que a comparava com Michelle Bolsonaro, companheira do mandatário brasileiro.
“Entende agora por que o Macron odeia Bolsonaro?”, perguntou o bolsonarista em publicação no Facebook. Bolsonaro comentou: “Não humilha cara. Kkkkkk”. A resposta do brasileiro gerou uma crise entre os dois países e Macron falou sobre o tema com Piñera.
“Eu tinha que reagir, entende?”, perguntou Macron a Piñera. “Eu queria ser pacífico, queria ser correto, construtivo com o cara e respeitar sua soberania. Tudo bem. Mas eu não poderia aceitar isso. Me desculpe, isso não é atitude de um presidente”. “Eu concordo”, respondeu o chileno.
Edição: Leandro Melito