O Rio de Janeiro teve um aumento de 18% nos casos de feminicídio e violência contra a mulher em 2021, quando comparado ao ano anterior. A soma desse tipo de crime a outros como estupro, agressão, tortura, ameaças, tentativa de homicídio, entre outros, totalizou 456 casos, segundo o boletim "Elas Vivem", da Rede de Observatórios da Segurança, divulgado nesta quinta-feira (10).
Estados como São Paulo e Pernambuco, onde a Rede de Observatórios também atua, registraram, respectivamente, 162 e 101 feminicídios no ano passado. No estado do Rio, o número de mulheres vitimadas e mortas foi 74 em 2021. Em 2020, o estado fluminense teve 50 mortes de mulheres registradas, com variação de 48%.
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Segundo o documento, o estado teve um caso de violência contra a mulher por dia, já que há registros em que um único episódio gerou mais de um tipo de violência praticado contra a vítima. Além do Rio de Janeiro, a Rede de Observatórios também compilou dados de 2021 em São Paulo (969), Pernambuco (338), Bahia (232) e Ceará (215). Apenas nos cinco estados foram 2.210 os casos de violência contra mulheres.
A pesquisa registrou um caso de feminicídio a cada 12 horas em 2021. "Todos os dias, duas mulheres perderam suas vidas para o machismo nos cinco estados monitorados pela Rede de Observatórios. Em São Paulo, uma mulher sofreu tentativa de feminicídio a cada dia. No Rio de Janeiro, um caso de tentativa de feminicídio aconteceu a cada dois dias", diz trecho do documento.
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Quando a motivação é informada, as três maiores causas apontadas são: brigas (21%), término de relacionamentos (14%) e ciúmes (8%). Companheiros e ex-companheiros são os principais agressores (65%) e assassinos (64%) de mulheres.
"São homens que não conseguem ouvir 'não', serem contrariados ou descontam suas frustrações nas mulheres – mais uma herança colonial presente na estrutura da sociedade. Em muitos eventos, esses agressores não se limitam apenas às companheiras e matam também os filhos e outros parentes, depois tentam tirar a própria vida", dizem as autoras do relatório.
Boa parte dos crimes contra mulheres divulgados nos jornais (85%) não traz a informação racial da vítima, afirmam as pesquisadoras.
"Mas, quando desconsideramos os casos em que a cor da vítima não é informada, temos 50,7% das vítimas negras, 48,6% brancas e 0,7% indígena. Algo nítido para as pesquisadoras da rede é que quando se trata de mulheres brancas e de classes mais abastadas a cobertura jornalística tende a ser mais completa", diz o relatório.
Fonte: BdF Rio de Janeiro
Edição: Eduardo Miranda