14º dia de guerra

Zelensky sinaliza concessões; há relatos de bombardeio em hospital e uso de armas termobáricas

De acordo com a ONU, os 14 dias de guerra já somam 516 civis mortos, 908 feridos e 1,5 milhão de desalojados

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Soldado ucraniano em posto militar de Kiev - Aris Messinis / AFP

O conflito armado entre Rússia e Ucrânia chega ao 14º dia e, pela primeira vez, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, sinalizou disposição de fazer concessões à lista de exigências de Moscou. O mandatário afirmou que a proposta de ingresso da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) "esfriou" e que o estabelecimento de zonas de exclusão aéreas é urgente para "impedir uma catástrofe".

Nesta quarta-feira (9), a Ucrânia acusou a Rússia de bombardear um hospital infantil ao sul do país, na cidade de Mariupol, e voltou a afirmar que o exército russo estaria usando armas termobáricas. 

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Mas o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, respondeu que seu país "não bombardeia alvos civis" e afirmou que a Ucrânia recebeu cerca de 450 homens do grupo armado terrorista Hayat Tahrir Al-Sham, membro da Frente Al-Nusra, que partiram de Idlib, derrotados na guerra da Síria.

Também há troca de acusações sobre o corte elétrico na zona da usina nuclear de Chernobyl. Os russos acusam paramilitares neonazistas ucranianos de sabotar as instalações elétricas, enquanto a Ucrânia acusa o exército do país vizinho.

Chernobyl possui geradores elétricos com capacidade de até 48 horas, passado o prazo, o sistema de resfriamento da usina pode ser interrompido aumentando o risco de irradiação de material nuclear.

Desde a invasão iniciada em 24 de fevereiro, Chernobyl está sob controle de forças russas.

Segundo as Nações Unidas, há um total de 516 civis mortos, 908 feridos e 1,5 milhão de desalojados. Para a Agência de Refugiados da ONU (Acnur), a cifra de ucranianos que abandonam o país pode ascender a 2 milhões nos próximos dias.

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A Polônia sinalizou que está disposta a enviar aviões de guerra da Otan para o território ucraniano, mas a medida foi rechaçada pelo secretário de Estado dos EUA, Anthony Blinken, que pediu "cautela" aos poloneses.

Enquanto isso, o Congresso dos Estados Unidos debate o envio de US$ 13,6 bilhões (R$ 74 bilhões) à Ucrânia. 

Outra acusação recente foi de que existem laboratórios de criação de armas biológicas na Ucrânia. A notícia foi divulgada pela Rússia e, mais tarde, confirmada pela subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, que disse ver com "preocupação" a existência de instalações de investigação biológica no território ucraniano.

Ainda nesta quarta-feira, a União Europeia anunciou mais um pacote de sanções econômicas contra 160 parlamentares e empresários russos. Também decidiram desconectar bancos bielorrussos do sistema SWIFT - atacando o país vizinho que poderia ser aliado de Moscou na triangulação das suas vendas após a suspensão dos bancos russos do sistema financeiro internacional. Desde o início do conflito, o bloco emitiu sanções contra 862 pessoas e 53 instituições russas.

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Negociações

Na próxima quinta-feira (10) está confirmada uma reunião entre os chanceleres russo, Serguei Lavrov e ucraniano, Dmytro Kuleba, em Antalaya, Turquia - nação que se dispôs a ser uma nova "mediadora" da guerra. 

"Estou pronto para um diálogo. Não estamos prontos para uma rendição, porque a decisão não é só minha, mas também das pessoas que me elegeram", declarou Volodymyr Zelensky.

Entre as exigências apresentadas por Moscou para acabar com a invasão está o reconhecimento de Donetsk e Lugansk como repúblicas independentes; assim como da Crimeia como território russo; e a garantia de que Ucrânia não entrará na Otan, nem na União Europeia.

A última rodada de negociações entre as delegações russa e ucraniana aconteceu em Belarus, na última segunda-feira (7), e terminou sem acordos.

Entenda o conflito 

Desde o final de 2021, tropas russas passaram a se concentrar nas proximidades da Ucrânia, e o Ocidente enviou armas para os ucranianos. O conflito tem como pano de fundo o mercado de energia na Europa e os limites da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança militar composta por membros alinhados aos Estados Unidos, em direção à fronteira russa. 

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Outro elemento central é o fracasso dos Acordos de Minsk, assinados em 2014 e 2015 como uma tentativa de construir um cessar-fogo para a guerra civil na Ucrânia. A ferramenta diplomática previa condições de autonomia para áreas separatistas de Donetsk e Lugansk e a retirada de armas da região em que tropas ucranianas enfrentavam os rebeldes.  

O governo de Kiev se recusava a cumprir a parte política prevista pelos acordos, já que isso poderia causar uma fratura em sua soberania. 

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro sob a justificativa de “desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho. Desde então, União Europeia e Estados Unidos anunciaram sanções como resposta e também fornecem armas aos ucranianos.


 

Edição: Rodrigo Durão Coelho