No segundo dia após a invasão russa no território ucraniano, o conflito no leste europeu ganhou contornos ainda mais tensos, nesta sexta (25). Declarações feitas por líderes ligados aos dois países e a aproximação das tropas russas de Kiev, capital da Ucrânia, deixaram o mundo sob alerta.
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Putin acusa uso de "escudos humanos"
A escalada da tensão ganhou força com falas feitas pelo presidente russo Vladimir Putin em reunião do Conselho de Segurança do país. Ele acusou o governo da Ucrânia de ser neonazista e usar civis como “escudos humanos”.
“Neonazistas instalam armamentos pesados, incluindo lançadores de foguetes, diretamente nos distritos centrais das grandes cidades, incluindo Kiev e Kharkov”, prosseguiu.
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“De fato, eles agem como terroristas em todo o mundo, usam a população civil como escudo para depois acusar a Rússia das vítimas fatais entre a população. É sabido que tudo isso acontece com a recomendação dos consultores estrangeiros. Em primeiro lugar, conselheiros norte-americanos”, afirmou Putin.
Zelensky pede diálogo, mas cobra sanções
Em novas declarações também feitas nesta sexta-feira (25), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que gostaria de ter conversas diretas com Putin, mas não deixou de cobrar sanções mais duras contra o país rival.
“Gostaria de me dirigir ao presidente da Federação da Rússia mais uma vez. Há combates em toda a Ucrânia agora. Vamos nos sentar à mesa de negociações para impedir a morte das pessoas”, disse.
“A Europa tem força suficiente para parar esta agressão. O que esperar dos países europeus – a abolição de vistos para russos, desconexão do SWIFT [rede de alta segurança que conecta milhares de instituições financeiras em todo o mundo], isolamento completo da Rússia, retirada de embaixadores, embargo de petróleo, fechamento do espaço aéreo – tudo isso deve estar na mesa hoje”, declarou.
Embaixada da Ucrânia cita 800 mortos
Em Brasília, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoly Tkach, disse que foram abatidos sete aviões, seis helicópteros, mais de 30 tanques, 130 veículos blindados e aproximadamente 800 soldados russos.
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"Neste momento estamos pedindo aos nossos parceiros para que imponham as sanções, incluindo expulsar a Rússia do Swift (Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais). Também pedimos que adotem as seguintes medidas: resoluções nos foros internacionais, apoio financeiro, apoio com armas defensivas para a Ucrânia, e condenação das ações da Rússia", afirmou Tkach, ecoando o apelo de seu presidente.
Kiev sob perigo: explosões são noticiadas
Diversos veículos de imprensa internacionais registraram que mísseis atingiram a capital ucraniana, Kiev, desde a madrugada de quinta para sexta-feira e na tarde de sexta, correspondentes noticiaram fortes explosões na cidade.
Segundo eles, o prefeito, Vitali Klitschko, afirmou que pelo menos cinco explosões foram ouvidas perto de uma usina no norte da cidade.
União Europeia endurece sanções
Também nesta sexta, a União Europeia concordou em impor sanções pessoais contra o presidente russo, Vladimir Putin, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em conexão com a operação militar de Moscou na Ucrânia. A informação foi divulgada pelo ministro das Relações exteriores da Áustria Alexander Schallenberg.
"No entanto, não haverá proibição de entrada para eles, porque queremos manter a possibilidade de negociações para acabar com a violência na Ucrânia", disse o ministro.
Além das autoridades, grandes bancos russos, como o Sberbank e VTB, foram incluídos nas novas restrições dos países ocidentais e foi dificultada a atração de investimentos estrangeiros a várias empresas estatais. Sanções também foram impostas ao fornecimento de produtos de alta tecnologia para a Rússia.
As autoridades russas declararam que um plano de ação em caso de uma nova onda de sanções foi preparado com antecedência, acrescentando que medidas de retaliação estão sendo elaboradas.
Existe chance de diálogo?
Representantes russos comentaram ainda nesta sexta a possibilidade de diálogo entre Rússia e Ucrânia. O Kremlin afirma que está disposto a negociar, mas criticou a liderança do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, e também destacou que a Ucrânia se retirou de conversas por uma reunião.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, ao comentar sobre a possibilidade de negociações entre Moscou e Kiev, declarou que a Rússia sempre responde aos pedidos de negociações.
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"Sempre respondemos aos pedidos de negociações. Sempre os conduzimos mesmo com os adversários mais duros e agressivos. Mas a questão é o que o presidente do nosso país acabou de dizer: sobre a adequação das pessoas que fingem ser os líderes daquele país", disse ela.
Mais cedo, Zelensky, havia declarado que estava pronto para discutir o status de neutralidade da Ucrânia e negociar com a Rússia para pôr fim à operação militar russa no país do Leste europeu.
Posteriormente, foi informado que o presidente Vladimir Putin considerou a possibilidade de enviar representantes do Ministério da Defesa, do Ministério das Relações Exteriores e de seu governo para negociações com uma delegação ucraniana. A reunião foi proposta para ser organizada em Minsk, na Bielorrússia.
No entanto, o secretário de imprensa do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, afirmou que as autoridades ucranianas reconsideraram a ideia de estabelecer negociações com os russos em Minsk.
Edição: Rodrigo Durão Coelho