O Exército de Liberação Nacional (ELN) deu início nesta quarta-feira (23) a uma ação armada de três dias na Colômbia. Em comunicado, guerrilha afirma que medida é contra o presidente Iván Duque e sugere que as pessoas não saiam das suas casas entre 6h desta quarta-feira (23) de fevereiro até 6h da sexta-feira (26). O anúncio foi divulgado a duas semanas das eleições legislativas no país.
"A circulação só será permitida em casos humanitários, atividades funerárias ou emergências hospitalares". O grupo finaliza o comunicado com "fora Duque e seu mau governo".
Em resposta, o ministro da Defesa, Diego Molano, afirmou que as forças de segurança estão distribuídas em todo território colombiano, "preparadas para enfrentar ameaças".
Colombia no se amedrenta frente a unos panfletos del ELN. El país tiene que confiar en su Fuerza Pública, que está desplegada con todas sus capacidades para garantizar la movilidad de los ciudadanos. El ELN es un grupo criminal con unos cabecillas que se esconden en Venezuela. pic.twitter.com/dbxG4c9nwH
— Diego Molano Aponte (@Diego_Molano) February 20, 2022
O funcionário classificou o comunicado como um "panfleto para amedrontar o país" e voltou a sugerir que os dirigentes da guerrilha "controlam rotas de narcotráfico mesmo estando na Venezuela".
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Apesar das acusações contra a guerrilha, há uma semana a Colômbia exonerou o general Jorge Hernando Herrera Díaz, que controlava a 6ª Divisão do Exército, após confirmação de acordos realizados pelo militar com chefes da faccção Los Pocillos, responsável pelo narcotráfico na região de Amazonas, Caquetá, Cauca e Putumayo.
"Antes eram oficiais de menor escalão, mas agora este: a máxima autoridade militar, um general de quatro estrelas, relacionado com cartéis que exportam droga pelo Pacífico. Mostra uma alta relação do regime com os narcotraficantes. Essa é a realidade", comenta com exclusividade ao Brasil de Fato o chefe da delegação de paz do ELN, Pablo Beltrán.
Na última semana, em reunião com o secretário-geral do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente Iván Duque também havia enviado mensagens hostis ao país vizinho. Desde janeiro, a fronteira colombo-venezuelana, entre os estados de Arauca e Apure, está militarizada após suposta invasão do território venezuelano por membros do ELN e das dissidências das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Já Beltrán sustenta que a única relação entre ELN e Venezuela é o respaldo do governo venezuelano ao diálogo. "Não há base de sustentação para essa acusação. Há anos nós enviamos uma carta ao governo dos Estados Unidos propondo rediscutir a política antidrogas, que tem falhado. Propusemos que se criassem comissões investigativas que visitassem nossos territórios e vissem se existe essa relação com o tráfico de drogas. Até hoje não tivemos respostas", afirma o segundo comandante da guerrilha.
O ELN foi criado em 1964, sob inspiração da Revolução Cubana e da Teologia da Libertação, e é o último grupo insurgente com ação nacional reconhecido na Colômbia após os Acordos de Paz de 2016. Com a chegada de Iván Duque à presidência, as mesas de diálogo com os elenos foi suspensa.
"A delegação do ELN continua sentada na mesa de negociação, e continua esperando pelos representantes do governo. Se o governo quiser enviar seus delegados, mesmo faltando menos de 6 meses para acabar sua gestão, ao menos poderia iniciar algo que seguiria com seu sucessor. Essa era nossa expectativa", comenta Beltrán.
Com cerca de 2,3 mil membros, a maior presença do grupo guerrilheiro se concentra nos departamentos de Arauca, Cauca, Chocó, Nariño, Catatumbo e Antioquia, segundo a Fundação Paz e Reconciliação (Pares).
Edição: Arturo Hartmann