O presidente da Rússia, Vladimir Putin, fez nesta segunda-feira (21) um pronunciamento na televisão sobre a crítica situação da região de Donbass, no leste da Ucrânia. Segundo ele, a mensagem foi dirigida tanto a russos, quanto a ucranianos.
Em comunicado duro e com tom de avaliação histórica, após cerca de uma hora de pronunciamento, Putin defendeu o reconhecimento da independências das autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk, regiões separatistas do leste da Ucrânia.
"Considero necessário reconhecer a independência e a soberania das Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk", disse o presidente da Rússia.
Anteriormente, os chefes das autoproclamadas repúblicas dirigiram-se ao líder russo com este pedido. Em uma reunião nesta segunda-feira (21), membros do Conselho de Segurança da Federação Russa, um órgão consultivo do governo, apoiaram a iniciativa, observando que a Ucrânia não deixou escolha à Rússia.
O Conselho da Federação da Rússia considerará a questão do reconhecimento de Donetsk e Lugansk na terça-feira (22) em uma reunião fechada.
Com fortes críticas à atuação dos EUA e da Otan no território da Ucrânia, Putin afirmou que a os norte-americanos utilizaram a Ucrânia e a Geórgia para realizar uma política anti-russa.
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"Os radicais que tomaram o poder na Ucrânia organizaram o terror, houve uma série de assassinatos impunes, pessoas em Odessa foram brutalmente assassinadas, mas os criminosos não foram punidos" "Nós os conhecemos pelo nome e faremos de tudo para puni-los", acrescentou.
Decisão pode ameaçar ferramenta diplomática apontada como solução
O acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia movimenta a diplomacia há meses. Enquanto Moscou afirma que não tem qualquer intenção bélica e nega ter planos para invadir a Ucrânia, os Estados Unidos têm afirmado reiteradamente que o Kremlin prepara uma invasão.
Com a decisão de reconhecer as repúblicas de rebeldes pró-Rússia, a tensão no leste europeu avança, já que fere a soberania ucraniana do ponto de vista da lei internacional. A medida pode ameaçar os Acordos de Minsk, um tratado que propõe um cessar-fogo na Ucrânia por meio de soluções políticas como anistia, eleições locais, condições de autonomia para áreas separatistas pró-Rússia.
O conflito no leste ucraniano já deixou cerca de 14 mil mortos e nos últimos dias há o relato do aumento no número de bombardeios na região e de violações do cessar-fogo de ambos os lados.
Edição: Arturo Hartmann