Brasil e Hungria se aproximam pela defesa de "uma família bem estruturada" e o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, é um "irmão", afirmou Jair Bolsonaro em Bucareste nesta quinta-feira (17). O presidente brasileiro participou de cerimônia de assinatura de memorandos de entendimentos nas áreas de defesa, ações humanitárias e gestão de recursos hídricos antes de um pronunciamento conjunto.
"Considero o seu país o nosso pequeno grande irmão, pequeno se levarmos em conta as nossas diferenças nas respectivas extensões territoriais e grande pelos valores que nós representamos, que podem ser resumidos em quatro palavras: Deus, pátria, família e liberdade. Comungamos também da defesa da família com muita ênfase, uma família bem estruturada faz com que sua respectiva sociedade seja sadia. E não devemos perder esse foco", disse Bolsonaro a Orbán.
O presidente brasileiro afirmou que desfez dúvidas sobre a política ambiental brasileira e disse que informações sobre a Amazônia, que registra picos de desmatamento, chegam "distorcidas" no exterior.
"Nós nos preocupamos até mesmo com o reflorestamento, coisa que eu não vejo nos países da Europa como um todo. Então essa desinformação passa para o lado de um ataque a nossa economia que vem, obviamente, em grande parte do agronegócio", disse Bolsonaro.
O líder brasileiro ainda destacou sua afinidade "em praticamente todos os aspectos" com Orbán e voltou a tentar relacionar sua visita à Rússia com a retirada de tropas na fronteira com a Ucrânia: "Até mesmo pela coincidência de ainda estarmos em voo para Moscou e parte das tropas russas serem desmobilizadas da fronteira. Entendo, sendo coincidência ou não, como um gesto de que a guerra realmente não interessa a ninguém".
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Quem é Orbán: premiê defende "valores cristãos" e ataca pacto da ONU
Um dos poucos líderes europeus presentes na posse Jair Bolsonaro em Brasília em 2019, Orbán criticou o Pacto Global para Migrações, da Organização das Nações Unidas (ONU), durante sua fala. Para o premiê húngaro, é preciso que a União Europeia se posicione contra o mecanismo que defende uma abordagem plurinacional para a imigração e cria mecanismos para a cooperação internacional na área.
Bolsonaro retirou o Brasil do Pacto Global para Migrações em janeiro de 2019.
Orbán também destacou que conversou com o presidente brasileiro sobre "ataques à família" e fez uma defesa dos "valores cristãos".
"Os valores cristãos também são outro assunto que gostaríamos muito de preservar, nossas raízes, e a imigração, na verdade, não colabora muito com essa questão", disse o premiê.
Um dos principais líderes da extrema direita global, Orbán trocou juízes, ampliou o número de cadeiras do Tribunal Constitucional para indicar novos integrantes e avançou contra veículos de comunicação críticos. Além da postura anti-imigração, o premiê aprovou em 2021 uma lei que proíbe menções a pessoas LGBTQIA+ em material escolar e em programas de televisão para menores de 18 anos.
Edição: Arturo Hartmann