INJUSTIÇA

"Eles queriam me matar", diz jovem preso injustamente por policiais no Rio de Janeiro

Delegado do caso admitiu que houve erro e faltam provas, mas disse que jovem "estava na hora errada e no lugar errado"

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
Yago jacarezinho
Delegado admitiu que não havia provas contra jovem, mas disse que ele "estava na hora errada e no lugar errado" - Reprodução

Um jovem negro, que foi preso no último domingo (6) na comunidade do Jacarezinho, na zona norte do Rio de Janeiro, foi solto nesta terça-feira (8) por determinação da Justiça. O entregador Yago Corrêa, de 21 anos, deixava uma padaria do bairro, onde havia ido comprar pães, quando foi abordado por policiais militares (PMs).

Leia mais: Moradores do Jacarezinho (RJ) criticam Cidade Integrada: "Mesmos erros das UPPs 14 anos depois"

Segundo o registro policial, o jovem estava com um adolescente preso com 30 gramas de cocaína e 150 de maconha. Mas a família afirmou que Yago tinha ido à padaria para comprar pão e quando viu a abordagem dos PMs, se assustou e correu. Mais cedo, o delegado Marcelo José Borba Carregosa, da 19ª DP (Praça da Bandeira), admitiu que houve erro da polícia, mas que Yago "estava na hora errada e no lugar errado".

Na saída do presídio de Benfica, que fica na zona norte da capital, na tarde desta terça-feira (8), Yago, que passou duas noites encarcerado sem que houvesse nenhuma prova contra ele, disse à imprensa que não estava no lugar errado, que estava em seu bairro.

"Eu não sou bandido, não sou nada, sou morador, só. Eles queriam me matar. Falaram para eu sentar para me matar. Eu corri porque eu tive que correr, não vou ficar", explicou Yago, que estava muito emocionado ao deixar o local.

Leia também: Governo do RJ faz operação policial no Jacarezinho para inaugurar projeto que substitui UPPs

Na saída do presídio, moradores e familiares do rapaz protestaram contra a prisão arbitrária e sem provas. A irmã de Yago, Érika Corrêa, criticou a ação policial e afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) deveria colocar dentro da comunidade não a polícia, mas educação e emprego para a população local.

Apesar de não haver provas contra o rapaz, a Justiça do Rio concedeu liberdade provisória e ele ainda responderá ao processo.

Fonte: BdF Rio de Janeiro

Edição: Eduardo Miranda