Desde o início da pandemia do novo coronavírus, cerca de 1.450 crianças brasileiras, de 0 a 11 anos, morreram devido à doença, segundo informações da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização da Covid-19 (CTAI-Covid),
“A maior causa de mortes entre crianças de 5 a 11 anos no Brasil ainda são as causas externas, como acidentes. A segunda causa é a covid-19, que supera todas as outras causas clínicas”, explica o médico de família e comunidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e secretário geral do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH), Bruno Pedralva.
No último domingo (23), a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) anunciou que o Hospital Infantil João Paulo II, localizado em Belo Horizonte, atingiu a ocupação de 100% de seus leitos. A fundação informou ainda que a alta quantidade de demanda por internação é devido ao crescente número de crianças que apresentam sintomas de síndromes respiratórias.
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A situação do hospital João Paulo II não é isolada. Nos últimos dias, as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Saúde da capital mineira também atingiram a capacidade máxima de atendimento, devido à alta quantidade de pacientes com sintomas gripais e suspeitas de covid-19.
O Boletim Epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte, da última quinta (27), informa que a ocupação de leitos de UTI, destinados a pacientes com covid-19, é de 83,2%, enquanto a ocupação de leitos de enfermaria é de 80,2%. “É uma situação de colapso. O atendimento das crianças começa nos Centros de Saúde e nós estamos com mais de 1,4 mil profissionais afastados”, explicou o médico.
A prioridade deve ser a imunização das crianças
Para o vice-presidente do Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais, Ederson Alves da Silva, esse cenário reforça a necessidade da vacinação infantil. “Neste momento, a prioridade é a criança”, afirmou Ederson que acredita que, uma vez que os adultos já receberam as duas doses e estão recebendo as doses de reforço, o governo estadual deveria priorizar a imunização das crianças.
Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira (26), o prefeito de BH, Alexandre Kalil (PSD), praticamente implorou que as famílias levem seus filhos para serem vacinados. “Quero dizer como pai e avô: quem estiver me ouvindo, leve seus filhos, pelo amor de Deus, para se vacinar”, declarou.
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Um levantamento divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte demonstrou que foram vacinadas com a primeira dose aproximadamente 12.400 crianças de 5 a 11 anos. A quantidade é baixa, uma vez que o grupo convocado pela prefeitura ultrapassa 26 mil crianças.
Bruno Pedralva acredita que esse cenário é fruto de ações coordenadas para boicotar a vacinação infantil, por parte do governo federal. “O governo Bolsonaro e o ministério da saúde fizeram sucessivas ações para boicotar a vacinação das crianças. Era possível termos começado há mais de um mês, deixando as crianças vacinadas para enfrentarem a onda da ômicron. Mas o governo preferiu utilizar de informações mentirosas para atrasar a vacinação”, explicou.
Aulas presenciais adiadas para 14 de fevereiro
Na mesma coletiva de imprensa, Kalil também anunciou o adiamento do retorno de crianças de 5 a 11 anos para atividades presenciais escolares. Segundo ele, a medida foi tomada para que se tenha mais tempo para avançar na imunização do grupo. O retorno dos alunos de 5 a 11 anos, que era previsto para o dia 3 de fevereiro, agora será no dia 14 do mesmo mês.
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Segundo o Boletim Epidemiológico da PBH, de quinta (27), o matriciamento de risco (MR) da capital mineira está em 68%. O índice, que mostra o nível de alerta para liberação de aulas presenciais, quando se encontra entre 51% e 80%, indica o retorno às aulas presenciais para crianças e adolescentes de até 18 anos de idade.
Fonte: BdF Minas Gerais
Edição: Rafaella Dotta