Pandemia

Covid é uma doença grave, e vacinar crianças é imprescindível, defende médico infectopediatra

Diretor do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, esclarece dúvidas sobre a vacinação infantil contra covid-19

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Vacinação em crianças no Brasil começou na sexta (14) - Marcelo Camargo/Agência Brasil

No mundo, mais de oito milhões de crianças já foram vacinadas contra a covid-19. No Brasil, as crianças começaram a ser vacinadas na última sexta-feira (14). Ainda há, no entanto, pais e mães que estão hesitantes em levar seus filhos para serem vacinados, pois têm dúvidas, algumas geradas, inclusive, por fake news vindas do próprio presidente Jair Bolsonaro.

Para explicar algumas destas dúvidas, o Brasil de Fato Paraná conversou com o vice-diretor do Hospital Pequeno Príncipe, o médico infectopediatra Victor Horácio de Souza Costa Júnior.

Confira a entrevista

Brasil de Fato: Gostaria que, primeiramente, você nos falasse qual a diferença entre a infecção pelo coronavírus em crianças e adultos.

Victor Costa Júnior: Pelos números, é possível ver que tivemos, sim, no mundo e no Brasil, menor número de casos de covid-19 em crianças, comparando-se com o número em adultos. Ainda não conseguimos explicar com precisão porque elas foram menos afetadas. Isso ainda está em estudo.

Mas, estatisticamente, o Brasil, infelizmente, foi o país no mundo que mais teve óbito infantil. E esse dado é o mais importante para que a gente defenda e reforce a importância da vacinação.

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Muitos pais e mães questionam o prazo em que a vacina foi aprovada. Como explicar o processo de aprovação?

Essa vacina é resultado de pesquisas que já vêm sendo feitas há anos, é fruto da agilidade de cientistas e pesquisadores que conseguiram deixar pronta essa vacina passando por todo o processo necessário para a aprovação.

Foi rápida porque já existiam pesquisas sobre o vírus e também porque estamos numa pandemia que estava levando, principalmente no ano passado, a inúmeras mortes.

A vacina é segura? Qual a sua eficácia em longo prazo na proteção das crianças?

Primeiro, é importante dizer que, com o avanço da vacinação, temos visto cair significativamente o número de mortes por covid-19 no Brasil. Não temos óbitos gerados pela vacina, nem em crianças nem em adultos.

Recentemente, tivemos uma pesquisa publicada no The Lancet que mostrou que o esquema de vacinação completa diminui em 50 vezes a chance de mortalidade. Isso vale para as crianças.

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Pelo número baixo de casos em crianças, muitos pais questionam se devem vacinar seus filhos...

A partir do momento que o Brasil é o país que mais teve óbitos de crianças infectadas pelo coronavírus, é imprescindível vacinar, ainda mais agora que as aulas presenciais retornam.

Tudo o que pudermos fazer para alterar essa estatística triste, vamos fazer. Vacinar é uma das formas seguras de evitar casos graves e óbitos;

É verdade que a vacina Pfizer pode causar miocardite em crianças e jovens?

Já começo dizendo que temos muitos casos de miocardite causada pelo coronavírus. O risco de miocardite/pericardite após a vacinação existe, mas é raro. A possibilidade de o quadro ser causado pela covid-19 é muito maior. Estes casos são centenas de vezes maior que os poucos casos que aconteceram devido à vacina.

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É importante reforçar que as crianças que tiveram casos de miocardite pela vacina foram principalmente adolescente depois da segunda dose, dois a três dias depois de serem vacinados, e todos foram casos reversíveis. O que não acontece quando a miocardite é provocada pelo vírus.

Covid é uma doença grave. Temos casos de crianças que tiveram diabetes, encefalites, pneumonias desencadeadas pelo coronavírus no corpo.

Quais os efeitos colaterais mais comuns após a vacina?

Os mais comuns nas crianças são dor no braço, às vezes uma febre que pode aparecer. Sintomas bem comuns das vacinas em geral e que até 72 horas devem desaparecer.

Fonte: BdF Paraná

Edição: Lia Bianchini