Sindicatos da educação convocaram a uma paralisação nacional, nesta quinta-feira (13), contra a volta às aulas presenciais durante um novo surto de covid-19 na França. Cerca de 75% dos professores do ensino infantil, primário e fundamental aderiram à greve. Os trabalhadores denunciam que o governo não atende suas demandas e sequer respeita os protocolos sanitários que já havia estabelecido para o retorno presencial no dia 3 de janeiro.
"Manter as escolas abertas é um desejo compartilhado, mas proteger toda a comunidade educacional (funcionários, alunos e famílias) também deve ser", afirma em comunicado o Sindicato Nacional Unitário de Instrutores, Professores de Escolas infantis e Primárias (Snuipp).
A França é um dos países mais afetados pela nova onda de contágios desencadeada pela variante ômicron. Nas últimas 24 horas foram contabilizados 338.858 infectados para um total de 12,2 milhões contágios e 123 mil mortos desde o início da pandemia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de ter imunizado 74% da população, cerca de 5 milhões de franceses recusam vacinar-se.
Segundo dados oficiais, em uma semana de aulas, 50 mil estudantes testaram positivo para covid-19. Diante do adoecimento de professores, o Ministério está convocando aposentados para dar aulas.
O primeiro-ministro Jean Castex havia declarado a meios de comunicação locais, na última segunda-feira (10), que o novo protocolo sanitário previa até três autotestes de covid-19 por aluno, quando fosse identificado um caso positivo em sala de aula. Caso contrário, seria necessário apenas uma certidão dos pais alegando que o aluno estaria saudável e apto para comparecer às aulas.
Le protocole sanitaire à l'école sera simplifié :
— Jean Castex (@JeanCASTEX) January 10, 2022
- si un cas positif est détecté dans une classe, les élèves pourront y rester jusqu'à la fin de la journée
- 3 autotests négatifs suffiront pour les cas contacts
- une seule attestation parentale sera nécessaire. pic.twitter.com/58zh8BWw3k
Antes da nova flexibilização, os pais eram obrigados a buscar os filhos nas escolas para realizar um exame do tipo PCR, caso fosse detectado um caso positivo. A escassez de testes, diante do aumento da demanda, também aumentou a evasão escolar.
Os docentes afirmam que o procedimento é confuso e não está sendo seguido, o que expõe alunos, professores e familiares ao vírus.
O sindicato propõe que ao detectar um caso positivo, a turma completa seja enviada para casa, já que asseguram ser insustentável a manutenção do ensino híbrido com a quantidade de alunos flutuando diariamente.
Além disso, exigem que o Estado forneça máscaras cirúrgicas aos estudantes e máscaras do tipo PFF2 aos trabalhadores. O grêmio afirma que todas as propostas foram entregues há 18 meses ao Ministério de Educação.
Pela primeira vez, as manifestações docentes são apoiadas por associações de pais e diretores de instituições.
Edição: Thales Schmidt