Junto com auditores

Servidores do Banco Central entregam cargos e anunciam mobilização

Movimento também reage ao Orçamento de 2022, que prevê aumentos apenas para policiais e agentes penitenciários

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Cerca de 500 servidores do BC em cargos de chefia começaram a entregar seus cargos - Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Os servidores do Banco Central em cargos de chefia começaram, nesta segunda-feira (3), a entregar seus cargos. São cerca de 500 postos comissionados. O movimento é similar ao desencadeado pelos fiscais da Receita Federal em dezembro.

O Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal) organiza uma paralisação nacional no próximo dia 18. Em nota divulgada nas redes, a entidade afirma que, além de não atender as reivindicações dos servidores em relação a recursos no Orçamento de 2022 para o reajuste salarial, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, “presenteou” os funcionários em 31 de dezembro com um e-mail de fim de ano “no mínimo lamentável”.

“Muitos elogios ao trabalho dos servidores (merecidos, é claro), mas nenhum comentário sobre as duas grandes assimetrias que o funcionalismo do BC sofre em sua gestão”, diz o sindicato.

A primeira assimetria, continua a nota, é que os policiais federais e os servidores da Receita Federal terão reajuste salarial em 2022, “aprofundando ainda mais as diferenças remuneratórias entre o BC e carreiras congêneres”.

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A segunda é o fato de já ter havido acordo com servidores da Receita, do Tesouro Nacional, além de policiais rodoviários federais, entre outros. “De elogios inócuos e ‘tapinhas nas costas’ os servidores estão cansados”, protesta o sindicato.

Bolsonaro e as polícias

O movimento desencadeado pelos funcionários do BC não é isolado. Faz parte de um contexto decorrente da aprovação do Orçamento de 2022 pelo Congresso Nacional, em 21 de dezembro, com a previsão de R$ 1,74 bilhão para os reajustes salariais de policiais federais, rodoviários federais e agentes do Departamento Penitenciário Nacional.

As categorias premiadas são aliadas ao chefe do governo, Jair Bolsonaro, enquanto servidores de outros órgãos essenciais ao funcionamento do Estado são deixados de lado em nome da “saúde” fiscal das contas públicas.

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Em decorrência do Orçamento de 2022 aprovado no Congresso sob orientação do governo, o novo salário mínimo será de R$ 1.212,00, com um aumento de R$ 112 em relação aos R$ 1.100 de 2021. O que significa que não há aumento real.

A correção é apenas a da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Segundo o Dieese, o salário é referência para 56 milhões de pessoas no Brasil.

Na nota convocatória que divulgou, o Sinal convoca os servidores do BC a se prepararem “para o grande dia de protesto pela reestruturação da Carreira a ser realizado em 18 de janeiro”.

De acordo com o sindicato, haverá atividades virtuais em todas as praças do país e protesto presencial em Brasília. “Somente a mobilização trará nossas merecidas conquistas!”, defende a categoria.

O movimento dos funcionários da Receita, em dezembro, foi deflagrado logo no dia seguinte à aprovação do Orçamento no parlamento.

O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal  (Sindifisco) estima que 951 auditores em postos de chefia já abriram mão de cargos comissionados até a última quinta-feira (30). O número representa 90% dos efetivos, segundo a entidade.